Os pentelhos brancos chegam uma hora. Nova temporada de The Boys chega na maturidade junto com seus personagens.
A chegada da maturidade pode ser sutilmente marcada pelos primeiros fios de cabelo branco. No entanto, em “The Boys”, essa transição é abordada de forma bem mais pitoresca: Capitão Pátria coleciona seus primeiros pelos pubianos brancos, uma de suas muitas estranhas manias. Esse é apenas um exemplo do humor ácido e da ousadia que a série continua a apresentar.
Curiosamente, seu antagonista, Billy Bruto, também enfrenta um dilema similar, provavelmente causado por uma doença terminal que ameaça tirar sua vida nos próximos meses. Ambos compartilham uma preocupação latente: qual legado deixarão para o mundo?
A quarta temporada de “The Boys” começa com essa reflexão e promete ser a penúltima, atingindo, assim, sua maturidade narrativa. Os personagens enfrentam uma espécie de purgatório, ou uma intensa sessão de terapia, onde são forçados a reconsiderar sua relação com o mundo caótico e polarizado ao seu redor. Este mundo, assustadoramente próximo do nosso, está marcado por figuras poderosas sendo levadas à justiça, uma sociedade dividida, e a proliferação de fake news que abalam a confiança nas instituições.
A Mensagem de “The Boys”: mais Clara do que Nunca.
Em uma coletiva de imprensa realizada no Brasil, e que eu estive presente, o elenco e o showrunner expressaram surpresa ao descobrir que muitos espectadores não compreendiam as críticas sociais sutis inseridas na série. Com esta nova temporada, parece que decidiram tornar essas mensagens mais explícitas. Os primeiros episódios mal estrearam e já desencadearam fervorosas discussões nas redes sociais, indicando que a quarta temporada abordará questões ideológicas de forma mais direta, algo que deve ressoar fortemente nas plataformas digitais – um acerto notável.
Nem Tudo São Flores.
Entre os diversos arcos dramáticos, o de Frenchy é o que mais me incomoda. Evidentemente não pela sua escolha, mas por uma situação que parece ter sido incluída apenas para aumentar a carga emocional da trama, surgindo de forma descontextualizada. Espero que esse plot encontre um caminho relevante. Por outro lado, o dilema de Kimiko é mais coerente, pois ela também busca respostas, demonstrando que, em “The Boys”, nenhum personagem está seguro, independentemente de sua popularidade.
O arco de Hughie se destaca com uma carga dramática intensa, reafirmando que o sucesso de “The Boys” não reside apenas no excesso de sangue cenográfico, mas nas profundas histórias humanas que nos conectam de maneira visceral.
Novos Supers: Mana Sábia e Espoleta
A introdução de novos personagens, como Mana Sábia e Espoleta, é executada com maestria. Os roteiristas conseguiram integrar essas novatas de forma rápida e eficaz, especialmente Espoleta, cuja habilidade de manipulação de massas se revela durante a TruthCon – a Convenção da Verdade. Sua falta de poderes espetaculares é compensada pela sua capacidade de influenciar as massas, evidenciando as discussões ideológicas mais explícitas da temporada.
Antony Starr: Um Brilho Intenso
Antony Starr atinge o ápice de sua interpretação como Capitão Pátria. Seu controle facial é impressionante, transmitindo uma gama de emoções que vão do nojo à satisfação com sutileza e precisão. Toda vez que ele aparece em cena, parece sugar como um imã a atenção de quem assiste.
Expectativas para o Final
Sendo esta a penúltima temporada, espera-se que os próximos episódios tragam uma espécie de purificação ou rompimento de correntes pelos personagens, preparando o terreno para um grand finale. “The Boys” continua a surpreender e promete deixar uma marca duradoura, consolidando seu legado como uma das séries mais ousadas e impactantes da atualidade.