A CCXP 2024 foi diferente. Mas diferente é ruim? Minha sincera opinião sobe a última edição do nosso maior evento da cultura pop.

A primeira coisa que eu preciso dizer, sem rodeios, é que, independentemente de qualquer crítica, precisamos abraçar a CCXP. Acompanho o evento desde a sua primeira edição, inclusive as digitais durante a pandemia, e me sinto com alguma propriedade para comentar sobre essa iniciativa revolucionária.

A CCXP foi um divisor de águas no entretenimento brasileiro. Antes dela, os grandes estúdios só se conectavam de maneira tão próxima com os fãs em outros países. O Brasil, sempre tão presente nas bilheterias, nunca recebia a atenção que merecia. A criação da Unlock ajudou a formar mão de obra para o mercado nacional. Lojistas ganharam espaço e destaque, e o evento se tornou o maior do gênero no mundo. Isso não é pouco.

Foto: Juliana Cruz/Blog do Armindo

Além disso, a CCXP movimenta uma economia complexa: emprega profissionais de diversos setores, desde empresas de plotagem que produzem banners e adesivos, até eletricistas, equipes de limpeza e hotéis que hospedam celebridades de Hollywood a preços exorbitantes.

O site Polygon fez uma interessante matéria sobre o tema, está em inglês, mas nada que um corretor não resolva.

Inclusive, foi a CCXP que abriu caminhos para iniciativas como a plataforma Tudum, da Netflix, e eventos como a D23, da Disney. Ela desbravou territórios no rico e desafiador universo dos fandoms, um dos mais lucrativos setores da indústria cultural.

Foto: Juliana Cruz/Blog do Armindo

Mas a edição de 2024 sentiu, sim, a ausência da Netflix e da Disney (e suas marcas, tais como Marvel e Star Wars).

Não dá para tampar o sol com a peneira. Quando falamos do universo geek, algumas marcas são pilares, e senti falta delas no evento. Por mais que 2025 não prometa grandes lançamentos, a ausência de franquias como Round 6 e Stranger Things impactou a experiência. Ainda assim, tivemos nomes de peso como Ana de Armas, Anya Taylor-Joy e Alan Ritchson, mas os comentários nas redes mostram que os fãs esperavam mais.


Foto: Juliana Cruz/Blog do Armindo

Por outro lado, talvez este tenha sido o ano com mais talentos nacionais no palco principal. Isso é excelente para o mercado local, mas os fãs, claro, esperam também aquele contato raro com estrelas internacionais. Não dá para culpá-los.


Foto: Juliana Cruz/Blog do Armindo

Um dos participantes do grupo do Telegram disse:

Amo a CCXP, mas esse ano tiveram vários problemas que eu espero que sejam revistos no ano que vem. Para quem paga o evento é tudo meio difícil, filas gigantes, preços caros, esperas infinitas em stands e nem sempre dá pra entrar…etc

Mas como eu disse acima, é um evento de fãs:

A melhor coisa da CCXP é que vc não vê Normies, todo mundo é Nerd em alguma medida, uns mais, outros menos, mas tá valendo.

Eu passo o dia inteiro rodeado de Normies falando sobre assuntos irrelevantes como futebol, Funk e sertanojo, mas na CCXP eu só encontro pessoas que falam de Star Wars, Senhor dos Anéis, RPG, e tudo o mais que eu amo e que é parte indissociável de quem eu sou!!

Não tenho amigos no meu dia a dia, mas sempre faço amigos na CCXP. Obrigado a vocês por darem aos Nerds o reconhecimento que merecemos!!! Há pouco mais de 20 anos atrás, ser Nerd era ser alvo de bullying, rejeição e desprezo, mas hoje somos reconhecidos, somos vistos!!!

OBRIGADO, CCXP!!!

Mesmo com todos os problemas, obrigado por fazer de mim um Nerd mais feliz!!! Mal posso esperar o ano que vem pra voltar!!!

Esse depoimento ilustra perfeitamente o valor da CCXP. Mais do que um palco para celebridades, o evento é um espaço de comunidade, um lugar onde nerds, geeks, otakus e fãs de cultura pop se sentem aceitos e representados.

Primeiro ano que não estrevistei NENHUM PORTA VOZ dos expositores.

Mesmo assim, não posso deixar de mencionar uma experiência pessoal marcante: pela primeira vez, não entrevistei nenhum porta-voz dos expositores. Em outros anos, eu chegava ao evento com uma agenda cheia de entrevistas. Desta vez, o cenário foi diferente, talvez por conta da aposta crescente em influenciadores ou pela falta de estratégia de algumas marcas com a mídia especializada geek.


Foto: Juliana Cruz/Blog do Armindo

Essa cobertura me deixou reflexivo. O mundo mudou muito nos últimos anos: o dólar subiu, a Geração Z cresceu, e a CCXP, inevitavelmente, mudou também. Mas ela ainda é uma das iniciativas mais importantes da cultura pop no Brasil.

Como disse no início: precisamos abraçar a CCXP. E talvez, agora, seja a hora de a CCXP abraçar seus fãs de volta ainda mais.

Não conheço nada que dê ruim depois de um abraço.


Foto: Juliana Cruz/Blog do Armindo

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