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As chatices que ninguém te conta de ter um blog

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Mas vale também provavelmente para um canal do youtube, ou Instagram ou até um fenômeno moderno da atualidade: o blogueiro sem blog.
E eu sei que pode parecer reclamação, mas eu pensaria numa primeira instância em desabafo e numa segunda uma ajuda para quem pensa em entrar nessa ou está nessa achando que é tudo um mar de rosas. E não é.
E eu evito ao máximo reclamar de tudo isso porque eu faço o que eu escolhi fazer: então se não tiver bom é só sair. Na verdade não é bem assim, mas pode ser assim sem dúvidas.
Então eu odeio reclamar do que eu faço. Eu praticamente monto meu horário, faço coisas legais, viajo para lugares legais. Conheço pessoas e histórias incríveis. Na maioria das vezes é UAU. Mas algumas vezes é chato, difícil, penoso e cansativo. Eu ralei muito para conquistar algumas coisas que eu tenho, então na maioria das vezes eu procuro agradecer, inclusive as chatices.
A seguir (deitado num divã talvez peço desculpas se faço o leitor de meu analista) vou tentar descrever o lado chato disso tudo para quem sabe você se identificar, se precaver ou entender que nem tudo que fazemos é lindo como um comercial de TV ou um feed organizado de Instagram.

Você é seu chefe.

E isso é ótimo, mas também é um problema porque você não tem alguém de fora puxando você, ou alertando você para os caminhos que está seguindo. Nos meus tempos de jornalismo a gente tinha na redação os jornalistas mais experientes que eram uma espécie de HD, uma memória viva e também um eterno radar de problemas. Era ainda uma segurança de que tinha alguém acima de você te dando uma rede de proteção caso você errasse.
Hoje eu tento ser o meu próprio filtro, mas nem sempre funciona. Os erros e acertos são culpa e mérito meus e isso pode ser uma benção ou uma maldição.

Tem contas para pagar e não são poucas.

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O meu caso é mais ou menos assim, se não tem grana do meu projeto de conteúdo não tem grana. Não é uma questão de escolha. Eu não tenho um plano B, nem uma fonte de renda infinita. Eu dou aulas e dou consultoria, mas cada fonte de receita tem também suas fontes de custo. Hoje somos uma empresa que edita 4 blog, gera conteúdo em diversas plataformas e atende clientes. Se algo disso desanda a vida desanda também.
E isso não é fácil porque a gente tem que pensar a estratégia do longo prazo e também o fechamento do mês, tem meta, tem prazo, tem boleto vencendo.
Eu já disse isso uma vez aqui nesse blog: os sonhos acabam quando os boletos chegam. Então para viver nesse sonho de se fazer o que se quer você precisa lidar com os boletos. Nem sempre é fácil o que me leva para o próximo tópico.

Fechar a conta de projetos digitais ainda é um sonho.

Ok, não é um sonho impossível muita gente consegue e eu até me viro bem, mas é um perrengue mensal é projeto aqui, é evento ali, é ideia acolá. E é muito não, toneladas de nãos. Quando eu optei por fazer um projeto independente eu já imaginava que seria assim, mas não achava que seria algo ainda tão marginalizado. TVs, rádios e até jornais impressos recebem verbas públicas polpudas e a gente não. Aliás vai receber para ver o que acontece. Aqui no Brasil é ético uma família poderosa dona de um veículo receber verba pública e um creator independente não, porque ele vai ser comprado.
O empresário prefere contratar alguém que usou recursos incomuns para ter números na internet do que alguém que realmente apresenta algo sólido. Quantidade ainda é maior que qualidade e isso pega pra valer.
Alias para boa parte da população se a gente tem anúncio publicitário a gente se vende. Vende a ideia, vende a opinião e vende a alma. Certo mesmo é o veículo que nem te conta que é vendido, mas é, só que não deveria ser assim né?
Não tenho medo de dizer que a maior frustração são as benditas reuniões com as marcas. Algumas são legais e super profissionais, mas outras são tensas. É uma prova diária para elas e para mim de que o negócio é viável. No começo eu até passava alguns momentos humilhantes, hoje eu dou risada. O mundo gira né? Tenho até hoje um caderno (ele existe não é metafórico) de marcas que não são legais comigo e isso me ajuda hoje a saber com quem eu quero me envolver ou não.
Cada vez mais sou fechado e arredio com as marcas porque elas fazem a gente ficar assim. É um eterno desconfiar. E ainda são poucas que são mesmo do bem, que contribuem. Você deu uma vacilada, vai ser usado sem dó nem piedade. Esse é o mundo dos negócios, bebê.

A pressão por números é diária e chata.

E aí não é só do mercado, mas vem dele também. Eu me cobro muito. Tenho uma meta diária em cada canal e sou viciado no Analytics. Não vou dormir sem saber o que foi mais lido, o que deu certo e o que não deu.
Mas eu também tento escrever do jeito que eu acredito e não só focado nos números e aí é uma linha tênue e uma briga interna constante. As vezes eu escrevo um título e gosto mas sei que não vai ser tão indexável. Acho que aqui é uma das partes mais difíceis. Pra entrar nesse jogo você precisa ser casca dura, resiliente e lidar com a lógica da mídia e massa que não vai mudar tão cedo.

Conteúdo multiplataforma

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Eu sou quase um tiozão dos blogs, isso porque pra muita gente isso aqui é uma coisa antiga, que não dá mais resultado, nem interessa ao anunciante. Então para sobreviver a gente tem que ter um pé no Facebook, outro no Instagram e demandar um tempão no Youtube.
Enquanto eu tava aqui escrevendo esse texto, tava subindo um vídeo no Youtube, vendo minhas menções no Facebook e pensado o que vou postar no stories do Instagram. Cada canal com seu público, sua linguagem e seu formato. E não dá pra ser bom em todos, então algum canal seu vai ser capenga, acredite.

Muito ego e vaidade e pouca grana.

Lidar com o lance do ego e vaidade não é fácil. As marcas tratam você bem, te dão uma pulseira VIP e quando você vê pluft foi enfeitiçado. E aí esquece o mais importante que é o seu leitor e o seu conteúdo.
Somos humanos, então se policiar para não se deixar levar por essa espuma é importante. Muita gente se perde nisso. E quando isso acontece você pode estar muito envolvido em festas, coquetéis e fotos e pouca grana no bolso.
É um mundo de faz de conta pronto para te pegar. E não vou mentir. As vezes pega,

Dá vontade de jogar tudo para o alto.

Pesquise no Youtube a quantidade de pessoas que tem vontade de cancelar o canal e você ficará surpreso.
A real é que tem dias que a coisa não dá certo. Os números caem do nada, os clientes não aparecem, aquela ideia super legal que você teve teve um resultado pífio e aquele retorno que você esperava dar para a marca não rolou. Não é uma ciência exata, mas bem que a gente gostaria que fosse.
Não tem fórmula, não tem regra. Tem muita transpiração e as vezes cansa.
Por isso se você minha amiga ou meu amigo não for absolutamente apaixonado pelo que faz, é bem provável que você abandone o barco antes do que imagina.
Esse ano vai fazer cinco anos que eu tô aqui remando. Se você me encontrar ou encontrar seu criador de conteúdo favorito, dê um abraço, elogie o trabalho dele, diga o que mais gosta. Cada gesto desse é como uma suave brisa num dia de calor. E faz a gente seguir em frente.

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