As grandes marcas e agências também precisam olhar os influenciadores regionais
Num dos meus últimos posts eu falei sobre como as marcas regionais ainda erram feio e erram rude por não apostar no investimento em influenciadores digitais regionais.
Mas seria um erro do tamanho do mundo dizer que só as marcas regionais ainda patinam nisso. As marcas grandes e suas respectivas agências tem uma miopia enorme nessa discussão, indo muitas vezes pelo caminho mais fácil.
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E é claro que toda generalização é burra e não estou dizendo que toda a agência é míope nesse sentido. Eu mesmo poderia citar de cabeça umas cinco marcas que tem uma relação muito bacana comigo, mesmo não sendo uma mega celebridade digital, mas eu ainda diria que são exceções, porque o mais comum que veremos por aí é:
Contrata o grande, entrega um zilhão de views, coloca no relatório, manda a fatura
Simples assim.
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Tem que ter entrega eles vão justificar. Mas o que é entrega?
Mas voltemos ao mundo sem internet
Sim houve um tempo em que a internet não existia e aí você tinha, por exemplo, um grande veículo de comunicação como a TV. E então as TV´s começaram a se organizar em redes construindo uma grande malha de informação pelo país inteiro.
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Daí começaram a ser produzidos conteúdos nacionais o que é muito bom, mas o que acontece se uma TV do Amazonas só vê conteúdo do Rio de Janeiro? Vou ajudar na resposta: ela não se identifica.
É por isso que quando você liga sua TV na hora do almoço vai passar um jornal feito na sua região. Que tem os seus tiroteios e rebeliões e que deveria ter também a feirinha da sua comunidade, o ponto turístico e as cores locais.
E é por isso que tem um apresentador local com repórteres locais. Eles dão a cara para a emissora local. E é por isso também que uma das principais emissoras do país usa o conceito de repórter de rede. Quando há um fato local e que terá repercussão nacional é aquele repórter que dá a identidade para aquela região.
Achou que eu repeti muito a palavra identidade? Pois é sobre isso que estamos falando: identidade.
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E aí as marcas viram que além de ter que ter uma estratégia de comunicação nacional é também necessário ter uma estratégia de comunicação local para que os consumidores de uma determinada região tenham o que? Sim você acertou:
Identidade
Se você olhar o sistema de mídia de uma grande agência irá ver a grande emissora de rádio, mas vai ver também a rádio Piripoca FM de Longépolis e que fala com 20 mil pessoas de uma determinada região. Isso sempre foi assim…
Mas não vivemos no mundo sem internet
Sim não vivemos mas a mentalidade de quem investe em influenciadores parece só pensar na abrangência nacional e há uma lógica por trás disso. Quando a marca investe na Kéfera ela vai impactar pessoas que moram em São José dos Campos ou em João Pessoa certo?
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Certo faz todo sentido essa lógica, mas será que ela vai ter identidade local? Será que ela anda no shopping dessas cidades, conversa com as pessoas na rua, sabe as gírias e manias locais?
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Pois é mas eu ando. Eu converso com as pessoas, eu encontro seguidores e leitores na rua (aliás adoro todos os beijos e abraços que recebo), recebo puxões de orelha. As pessoas me dizem que esperam a minha opinião para comprar um determinado produto qual é a minha opinião sobre eles.
E olha só eu ligo a TV e vejo comerciais de marcas nacionais na exibição regional e vejo anúncios dessas marcas em jornais impressos que ninguém mais lê e não vejo essas marcas no meu conteúdo. Não tem algo errado aí?
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Cultura da entrega
Há um certo comodismo nessas relações e uma cultura de entrega muito clara e que funciona mais ou menos assim. Certas agências já tem um casting mais ou menos definido (ou as vezes contratam agências de casting) e com esse “time” eles sabem que já entregam, to aqui chutando um número, 3 milhões de visualizações.
Esse número vai aparecer lá no começo do processo no orçamento onde a agência promete para o cliente que vai entregar 3 milhões e ele promete isso porque já tem um casting que entrega esse valor, percebe? Já tá tudo mais ou menos amarrado e com dor de cabeça zero.
Não são discutidos mercados regionais, não são discutidas profundidades de relacionamento. Apensas números. E como num passe de mágica o conceito de se divulgar em mídias de abrangência nacional e regional simplesmente puft some. Curioso né?
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É que dá um trabalho absurdo
Não to aqui da minha cadeira apontado o dedo na cara das marcas. Eu sei e conheço a realidade por trás dos bastidores. Agências com equipes enxutas, dificuldade para se adaptar em novos modelos de negócios, cobrança absurda dos clientes.
Além disso nem todos os influenciadores são fáceis de achar, nem todos tem mídia-kit, nota fiscal e aí entramos novamente num paradoxo porque mesmo com esse cenário todo o cliente não precisa de identidade regional?
Há todos esses fatores acima mas há um primordial que é a questão cultural. É tudo muito novo e muito nebuloso, mas volto a repetir que é possível e preciso sair da caixinha. Na relação dos 30 mais influentes divulgados pelo youPIX além de mim há outras pessoas de outras regiões fora o eixo RJ-SP, como por exemplo, a Andressa Griffante da RSBloggers – que é uma empresa que eu já conhecia antes e admiro muito o trabalho. Quando estive em João Pessoa conheci a Gill que tem o “Coisas de uma Cacheada” que faz um conteúdo maravilhoso, em Curitiba conheci as meninas do Tudo Orna que dão show na qualidade do conteúdo que produzem.
O Brasil é desafiador mas não dá pra ignorar o fenômeno dos influenciadores regionais e desculpem a franqueza. Só não vê, quem não quer.
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Muito bom Armindo. Sou sócia da Flávia Saad e não tiro um A do que você escreveu.
Que legal muito obrigado pela visita e pelo comentário.