Da venda de sorvete na rua ao sucesso no mundo dos e-Sports
Trabalhando com a cobertura do universo dos games e da tecnologia de ponta eu recebo todos os dias muitas sugestões de coisas que estão acontecendo, mas nem sempre todas elas brilham os olhos.
E foi no furacão da cobertura da BGS que eu recebi dos queridos da NB Press a história do Luiz Eduardo Cavalcanti que tem se destacado a frente da VPSLeague: a primeira e maior liga de Fifa Pro Clubs do Brasil. É um nicho, sem dúvidas, mas nichos são cada vez mais interessantes no mercado. E o mundo dos games tem se mostrado altamente lucrativo.
Os números impressionam. A plataforma cresceu mais de 200% ao ano e atualmente conta com mais de 40 mil jogadores cadastrados, que podem procurar por equipes e fazerem uma carreira virtual com estatísticas e premiações Em 2018, o projeto chamou a atenção de investidores-anjo, que realizaram aporte de R$ 10 milhões, o que possibilitou pela primeira vez o pagamento de mais de R$ 50 mil em premiações.
Entrevista
Então eu guardei o e-mail e passada a nossa cobertura (com dezenas de entrevistas com os principais nomes do mundo dos negócios dos games) foi a hora de tentar uma entrevista para conhecer um pouco mais dessa história, que é o sonho de muita gente: viver e ter ganhos financeiros de uma paixão e no caso a paixão dos games.
E não só ele topou esse bate-papo como o resultado você confere abaixo. Com uma simplicidade enorme ele nos conta como foi essa trajetória do menino que vendia artesanato e sorvete na rua pra ganhar moedas para jogar no fliperama ao homem de negócios que hoje lida com investidores. Tenho certeza que vai inspirar a sua semana. Confira.
Entrevista com Luiz Eduardo Cavalcanti da VPSLeague
Luiz como foi seu primeiro contato com um videogame? Imagino que para você na sua infância não era um equipamento acessível?
Verdade. Não era muito acessível, então eu tinha que recorrer aos famosos fliperamas da minha cidade (Pesqueira-PE). Quando eu ganhava algumas moedas, era a primeira coisa que eu pensava em fazer. Quando eu tinha por volta de 6 anos de idade, meu irmão e eu ganhamos um Master System de presente de natal de um tio nosso que morava em Recife. Por coincidência, eu estava justamente em um fliperama quando meu tio chegou com o presente.
E no universo de vários títulos como você chegou especificamente ao futebol?
Eu amo futebol desde que “me entendo por gente”. Mas se tratando de vídeo games, comecei a jogar futebol virtual apenas na adolescência. Um amigo meu tinha o FIFA no PC. Eu ia para lá quase todos os dias para jogar. Não só o FIFA, mas o famoso Elifoot também. Depois passei a jogar o Winning Eleven, depois o Pro Evolution Soccer e voltando para o FIFA na edição de 2011. Nesta época eu já tinha meu próprio PC.
Eu imagino que muita gente deve ter criticado você ou falado que “esse negócio de videogame não dá futuro”. O que você ouviu sobre isso quando começou a se dedicar a esse universo?
Eu sempre gostei muito de jogar. A mudança na minha carreira para me dedicar 100% aos e-Sports aconteceu de forma bem gradual, de forma que eu não cheguei a ouvir críticas assim tão diretas. Pelo contrário, recebi bastante apoio. As pessoas, inclusive no trabalho, viam o quanto eu me dedicava e gostava daquilo. Comecei a investir na liga quando vim pra São Paulo, mais como um hobby. Com o passar do tempo, fui acompanhando o cenário e percebendo que o momento de me dedicar completamente estava se aproximando. Até que, de fato, aconteceu.
O que a experiência de vendedor de artesanato ajudou no Luiz empresário de hoje? O que você trouxe daquele tempo para as negociações com os investidores?
Eu sempre digo que, na minha infância, não me faltou nada. Minha família sempre proveu o necessário. Mas eu queria mais, queria ganhar minhas moedas para jogar nos fliperamas da cidade, ou para comprar minhas coisas. Foi assim que decidi fazer artesanato para vender na feira ou vender picolé na rua (andando com o carrinho pela cidade inteira). E eu era apenas uma criança. Eu sempre fiz o que eu acreditava que estava ao meu alcance. Desde cedo eu aprendi a lidar com as pessoas e a enxergar o trabalho como uma forma de independência. Fazer essas coisas me fez perceber que eu poderia fazer muito mais. Isso moldou quem eu sou e me fez ser capaz de acreditar que eu ainda irei muito mais longe. Os investidores perceberam isso, com certeza.
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Como surgiu o conceito da VPSLeague? Como foi o momento embrionário do projeto?
A VPSL começou em 2013. Foi nesse período que eu descobri o Pro Clubs e juntamente o meu interesse na criação de um sistema que fosse capaz de organizar campeonatos, clubes e jogadores para o modo, que junta 22 jogadores online – 11 em cada time, cada um controlando um jogador em campo. A ideia de criar o sistema surgiu quando comunidades existentes tinham dificuldades em gerenciar os torneios através de grupos de facebook ou planilhas de Excel. Com o desenvolvimento do site, tudo ficou mais fácil, dinâmico e organizado. Com o passar dos anos, a VPSL cresceu bastante, de modo que ficou impossível gerenciá-la sozinho. Foi aí que resolvi dividi-la com meus sócios atuais: Nuno Bianchi e Mateus Spielmann. Com o apoio deles, a VPSL continua seu crescimento acelerado.
Há muitos leitores do nosso blog que são gamers e talvez alguns queiram ter uma fonte de renda baseado no mundo dos jogos digitais. Você acha que é possível? Qual conselho você daria para essas pessoas?
Totalmente possível. Aconteceu comigo! Mas, um aviso: é necessária muita dedicação e trabalho. Eu não vejo que é algo que simplesmente acontece. Você precisa ter isso como meta. Mas as possibilidades são muitas. Você pode ser streamer, youtuber, jogador profissional, narrador, comentarista, organizador e muito mais. Se quer se dedicar aos jogos de forma profissional, é necessário muito profissionalismo. Entender que passa a não ser mais brincadeira ou diversão, embora possa ser bem prazeroso também.
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