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Daniela Abravanel Beyruti fala sobre o legado e o futuro do SBT em painel lotado na Rio2C: ‘Não somos mais produtores de conteúdo, somos produtores de patrimônio’

Daniela Abravanel Beyruti fala sobre o legado e o futuro do SBT em painel lotado na Rio2C: ‘Não somos mais produtores de conteúdo, somos produtores de patrimônio’

Na tarde desta quinta-feira, 29 de maio, um dos maiores auditórios da Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, lotou para ouvir a presidente do SBT, Daniela Abravanel Beyruti, convidada a falar em um dos principais painéis da Rio2C. O evento é hoje uma das conferências criativas mais relevantes da indústria audiovisual na América Latina.

Em conversa com Cesar Filho, apresentador do SBT Brasil, Daniela respondeu sobre as escolhas que determinam a nova programação e de sua disposição em retomar o “SBT raiz”. Falou muito a respeito do legado do pai, Silvio Santos, alvo de incontestável memória afetiva para os brasileiros, e do desafio de preservar essa conexão sem deixar de projetar a emissora para os dias atuais e prepará-la para o futuro.

Confira algumas das frases de Daniela na ocasião:

Heranças do pai

  • “Acho que sou só um pouco menos ansiosa que ele, com relação à mudança de grade. Eu sou também, mas tenho que me controlar porque sei como isso afeta não só a emissora, como também os nossos telespectadores. […] A gente só entende que se não estamos agradando tanto, então queremos oferecer alguma coisa que seja melhor”
  • “Adoro entretenimento, sou apaixonada pelo SBT, sou apaixonada pelo nosso público.”
  • “É só manter a essência. Ele sempre viveu muito por princípios, eu acho que os princípios dele não eram falados, eram vividos. Era mais que uma pessoa que comunicava o que ele acreditava, ele vivia o que ele acreditava. […] O caminho mais difícil já foi feito. A nossa responsabilidade é manter algo feito ao longo de 65 anos, porque o SBT tem 42, mas o Grupo Silvio Santos fez 65 anos este ano.”
  • “Acredito que o Senor Abravanel fez o Silvio Santos, o Silvio Santos fez o SBT e o SBT pode ser expandido em várias formas, em forma de experiências, em forma de parque, em shopping, em navio. A gente está mais próximo das pessoas de diversas outras formas e não só através da TV.”

Programação infantil

  • Meu pai sempre gostou de ter uma programação infantil. […] E eu acredito muito que, sim, estamos em tempos modernos, tempos de redes sociais, tempos de YouTube, streaming, tudo isso. Mas a gente não pode esquecer que vive no Brasil. E a realidade do Brasil não é uma realidade do primeiro mundo.
    Tem pessoas no interior, no sertão, espalhadas pelo Brasil inteiro que não têm uma conexão para assistir a tudo que quer, quando quer, como quer. É uma obrigação da TV aberta ter programação para todas as idades e para todas as classes sociais. Um dos propósitos da TV aberta é ser acessível a todos.”
  • “Então eu, com muito orgulho e com muito desafio, e demorou um pouco para eu tomar coragem de respeitar isso, falei: ‘O SBT vai voltar com uma programação infantil de segunda a sábado, e no caminho pra cá a gente veio falando da volta do Domingo no Parque. E por que não? Né? A gente continua construindo esse elo com as famílias.”
  • “O SBT deu de bandeja para o YouTube e as redes, ou para o digital enfim, as nossas crianças. Bem na época da pandemia, a gente parou com o infantil. E TV aberta é regulado, a gente tem órgãos que a gente precisa respeitar. O YouTube não, é bem mais complexo de ser controlado, então realmente a gente não tem noção de tudo o que as nossas crianças exatamente estão vendo. Eu acho que é uma responsabilidade. Além de fazer parte do nosso DNA, também é uma é uma prestação de serviço.”

Parcerias

  • “Com relação à produção independente, a gente está liberando três estúdos para fazer parcerias. Temos 10 estúdios, e três deles a gente quer usar para coproduzir.”

    Pratas da casa
  • Uma coisa que aprendi com o meu pai é que a gente vai até onde a nossa perna permite. Ele falava assim: ‘A Manchete quebrou, a Tupi quebrou, a Excelsior quebrou: não vá pela vaidade, vá pela saúde da empresa’. Ele falava: ‘Você não pode dar o passo maior que a perna’. Tem três coisas muito caras na TV aberta: novela, reality show de confinamento e direitos esportivos. […] A gente faz a nossa oferta, a gente não deixa de ofertar, e às vezes a gente perde.”
  • “A Christina Rocha estava aí, solta, e foi fazer propaganda do BBB. Aí eu falei: ‘Caramba, perdemos a Cristina Rocha pro BBB, porque eu achava isso, e a Globo, eu acho que bobeou. Se eu fosse a Globo, teria colocado a Christina todos os dias para comentar os casos do BBB. E eles não fizeram, mas quando ela apareceu fazendo a propaganda do BBB, eu estava certa que isso ia acontecer. Aí eu falei: ‘Não! Temos que trazer a Christina de volta e com o Casos de Família.”
  • “E todo mundo conhece [Casos de Família], né? Até gente que não assiste ao SBT, isso é o que eu acho mais doido. Quem não assiste ao SBT conhece a Jequiti (risos da plateia). Ou já ouviu falar da Jequiti. Como é que conhece a Jequiti e não assiste ao SBT? E assiste sozinho? É difícil. (aplausos da plateia).

A TV aberta em cenário multiplataforma

  • “Hoje, a distribuição digital por multiplataforma é uma realidade, como a TV aberta é uma realidade. E são produtores de conteúdo da mesma forma, e todos se alimentam entre eles. Quero que o SBT esteja no máximo de lugares possível, sendo assistido pelo máximo de pessoas possível e do jeito que a pessoa quiser, como ela quiser. A TV aberta oferece confiabilidade e credibilidade. A notícia que sai na TV aberta é extremamente curada.”
  • “Eu já percebi, andando aqui pela feira [Rio2C], muita gente está à procura [de espaço na TV aberta]. Por mais que faça sucesso em outras plataformas, tem sempre o sonho alimentado de ir para a televisão. A Virgínia foi uma coisa interessante, porque eu precisava trazer novidade, e eu perguntei ao Ratinho se ele achava que ela viria. E ele: ‘Imagina, sabe que ela ganha dinheiro até no banheiro da casa dela, Daniela? Ela não vai querer trabalhar pela televisão’. Daí ele: “Mas eu sou amigo do Leonardo e vou tentar me comunicar com ela’. E veio então: ‘Ela quer falar com vocês, gostou da ideia’. Ela falou: ‘Eu quero ir pra TV porque uma coisa é ser famosa na internet, e outra é ser famosa na TV’.”
  • “Acho que hoje a gente não é mais produtor de conteúdo. Nós somos produtores de patrimônio, porque todo o conteúdo que a gente produz, a gente tem que pensar nele viajando o mundo, conseguindo estar nas plataformas digitais, conseguindo estar em outros lugares. Eu tenho sonhos grandes para o SBT.”
  • “O +SBT é gratuito e a gente vai tocar bastante o +SBT. E foi muito baixado desde agosto, quando estreou. Sabe o que mais consumiam? Além do ao vivo, que é o simultâneo ao sinal da TV, o que mais consumiam era a novela infantil e os históricos, o nosso legado, os programas do Gugu, da Hebe, do Jô, tudo o que é nossa história.”

Dorama vem aí

“Na verdade, a gente vai ter um dorama [na nova programação] e já está estudando produzir um dorama com um roteiro deles, mas para produzir uma versão brasileira do dorama. Vamos primeiro ver se funciona. A gente escuta o que as pessoas falando, a gente testa.”

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