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Eduardo Bueno revela a história da Constituição brasileira e outros fatos surpreendentes – e curiosos – em nova temporada de “B de Brasil”.

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Em comemoração aos 200 anos da primeira Constituição Brasileira, o History Channel lança a segunda temporada da série documental “B de Brasil”, apresentada pelo professor Eduardo Bueno (Peninha). A série revisita eventos do século XIX e do segundo Império, explorando questões como liberdade de imprensa, proteção ambiental e as origens das desigualdades sociais no país.

Para entender mais sobre a novidade e sobre esse relevante estudo sobre a primeira constituição brasileira, eu conversei com o apresentador do programa. O professor compartilhou curiosidades e reflexões sobre figuras e episódios históricos marcantes.

Foi uma entrevista rápida, mas muito divertida, e principalmente informativa. O professor Bueno é uma metralhadora de disparar conteúdo e claramente um apaixonado pelo projeto com os olhos brilhando a cada resposta. E final da entrevista fez questão de falar (e dar os dévidos créditos) a toda equipe que viabilizou essa viagem na história do principal documento da democracia brasileira.

Blog do Armindo: Nosso modelo de Constituição naquela época, por exemplo, já tinha referência da Constituição dos Estados Unidos, mas tinha também uma forte influência da Europa, né? Afinal, a família real vinha de lá. Mas a nossa primeira constituinte foi inédita globalmente? Ou copiamos o modelo de outros lugares? De onde veio a ideia de fazer a nossa primeira Constituição?

Eduardo Bueno: O modelo poderia ter sido o da Constituição Americana, mas por conta da presença conservadora, digamos assim, ela se assemelhou bastante à Constituição Portuguesa de 1820 e à Espanhola. Tinha aquele ranço ibérico, entende? Mesmo assim, era uma constituição liberal, mas um liberalismo adaptado ao nosso contexto escravista. Ou seja, era “liberal” para alguns e não para todos. O jeitinho brasileiro já estava lá: era liberal para gente, mas para vocês aí, continuava sendo trabalho forçado. Mas é importante destacar que essa constituição foi a que acabou com o absolutismo monárquico, com o poder absoluto do rei. Dom Pedro virou um imperador constitucional, embora, claro, ele também tenha criado o famoso “Poder Moderador”, um poder que não existia em nenhum lugar do mundo, e que ele usava para se impor acima dos outros poderes. É um híbrido, mas não no bom sentido.

Blog do Armindo: E essa Constituição durou mais de sessenta anos, certo?

Eduardo Bueno: Sim, exatamente. A gente fala “Proclamação da República”, mas foi um golpe militar: os militares saíram do quartel às seis da manhã e derrubaram um regime constitucional. É o nome correto, um golpe militar. Essa Constituição foi a mais longeva do Brasil: de 1824 a 1889, sessenta e cinco anos.

Blog do Armindo: E quando olhamos para a nossa atual Constituição, a de 1988, ainda enfrentamos temas não resolvidos. O senhor acha que ela representa a sociedade brasileira?

Blog do Armindo: Olha, a Constituição de 1988, a chamada “Constituição Cidadã”, é muito boa, foi um grande avanço pro Brasil. Ela tem defeitos? Claro, mas os problemas maiores são as emendas que a transformaram em uma coisa meio Frankenstein. O problema da Constituição de 88 são as coisas que não foram colocadas em prática. O SUS, por exemplo, é um dos sistemas de saúde pública mais avançados do mundo, mas enfrenta problemas sérios de implementação. A demarcação das terras indígenas foi uma promessa da Constituição, mas aí agora querem mexer nisso com o tal “marco temporal”. A questão da educação pública, universal e de base, os direitos das mulheres e direitos humanos – tá tudo muito bem colocado na Constituição de 88. O problema é que o Brasil tem essa tradição de não cumprir o que está na lei.

Blog do Armindo: Então não precisamos de uma nova Constituição?

Eduardo Bueno: Não, não precisamos de uma nova Constituição, nem de novos representantes, nem de monarquia, parlamentarismo… O problema do Brasil é o nosso sistema de coalizão, onde o Centrão é quem manda de fato. E isso não é de agora. O Centrão estava aqui desde que o Brasil foi fundado! Eu até falei pro Marcelo Tas, no Provocações: o Centrão chegou antes do Cabral! Eles são o retrato do Brasil.

Blog do Armindo: Professor, a série que estreia no dia 11 traz uma visão diferente sobre eventos e personagens históricos. Dá para compartilhar com a gente alguma curiosidade?

Eduardo Bueno: Olha, todos os episódios têm curiosidades surpreendentes, daquele tipo que você pensa “não é possível”. No primeiro episódio, por exemplo, contamos a história do assassinato do jornalista Libero Badaró. Esse assassinato teve uma repercussão no Brasil comparável ao da Marielle Franco, mas na época os culpados foram absolvidos. O episódio se chama “Quem mandou matar Libero Badaró”, uma referência a esse caso.

Outro exemplo é o Major Archer, um dos primeiros ambientalistas do Brasil. Ele foi o cara que replantou toda a Floresta da Tijuca – cento e cinquenta mil mudas, plantadas com a ajuda de seis escravizados. Inclusive, a gente foi no lugar onde ele morava, falou com biólogos que explicaram como esse trabalho dele foi importante.

Blog do Armindo: E a série aborda também as figuras femininas, não?

Eduardo Bueno: Sim! Resgatamos a história de Isabel de Mattos Dillon, a primeira mulher a votar no Brasil, em 1880. Ela era uma mulher preta, baiana, que votou no Rio Grande do Sul. Não é uma história muito conhecida, mas é incrível – ela foi uma pioneira dos direitos das mulheres no Brasil.

Blog do Armindo: E essa nova temporada da série explora esses “lados B” da nossa história. É uma nova forma de aprender sobre o Brasil?

Eduardo Bueno: Exatamente! É uma série sensacional, que alia diversão e conteúdo. Então, convido todo mundo a assistir B de Brasil, segunda temporada, a partir do dia 11/11 no History. Se você não assistir, o problema é seu.

Nova temporada celebra os 200 anos da Constituição Brasileira.

Após se debruçar sobre a independência brasileira na primeira temporada, a série documental B de Brasil está de volta destacando os aspectos menos conhecidos de figuras e eventos da História nacional. Desta vez, Eduardo Bueno se inspira nos 200 anos de constituição no Brasil para uma viagem pelo século XIX e pelo segundo Império. A série, uma coprodução com a Moonshot e dirigida por Andre Barmak, estreia dia 11 de novembro no History.

Como o assassinato de um jornalista no século XIX impactou os rumos deste país? Houve um exército invisível combatendo na Guerra do Paraguai? Será que Pedro II inventou a solução para a crise climática há 160 anos? Libero Badaró, José do Patrocínio e José Bonifácio, entre outros personagens, também são retratados na série. Com o seu bom humor característico, apoiado por um elenco de atores, Bueno conta a história da liberdade de imprensa, da proteção do meio ambiente e de vários outros direitos com os quais nem sempre os brasileiros puderam contar.

Como na primeira temporada, os episódios se dividem em cenas ficcionais, com figuras históricas interagindo com o apresentador; explicações de Bueno dadas diretamente para a câmera, em estúdio e também nos locais onde os eventos do passado aconteceram; e entrevistas com especialistas, que explicam e desenvolvem os casos que vão sendo contados. O roteiro é de Eduardo Bueno e Jorge Vaz Nande e a produção executiva é de Cris Moraes.

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