Ministro das Comunicações participa de evento de abertura do SET Expo: “Radiodifusão é um pilar vital na construção de uma sociedade culturalmente rica”
Aconteceu na manhã desta terça-feira (8) a abertura oficial do SET Expo 2023 com a presença de autoridades e figuras importantes do setor de tecnologia, audiovisual e radiodifusão, além dos visitantes que lotaram o espaço do evento. Participaram da solenidade Carlos Fini, presidente da SET, Moisés Queiroz Moreira, conselheiro da Anatel, e Juscelino Filho, Ministro das Comunicações.
Fini relembrou que tudo está conectado e que essa conectividade é um dos pilares importantes da evolução do setor de audiovisual como viabilizador das novas demandas de consumo de conteúdo. “O celular é apenas um dos novos dispositivos de acesso à mídia, que gera novos tipos de interações e, por sua vez, que gera novas maneiras de utilização desses próprios dispositivos. As plataformas digitais, por exemplo, têm ganhado relevância no que diz respeito à distribuição personalizada e a criação de meios de mobilização mais apurados para produtores e anunciantes. Modelos de vídeo on demand, personalização de conteúdo, comerciais, streaming e celular tornaram-se hábitos e só são possíveis atualmente no ambiente digital com conectividade”, disse o presidente da SET.
O conselheiro da Anatel, por sua vez, afirmou que essas mudanças no setor precisam vir acompanhadas de mudanças regulatórias, por isso a importância desse crescimento ser simbiótico. “É inegável que a parceria setor e poder público é muito importante. Porque não existe inovação tecnológica sem alteração regulatória, ao mesmo tempo que não se pode fazer uma alteração regulatória sem consultar o setor”, afirmou Moreira.
Para finalizar os pronunciamentos da solenidade de abertura, o Ministro das Comunicações falou sobre o papel do ministério no desenvolvimento da área e contou sobre algumas ações importantes já realizadas nesses primeiros meses de governo como, por exemplo, a portaria de licenciamento de estações de radiodifusão, que permitirá a regularização de mais de 2.500 emissoras e mais de 7.000 estações de TV digital, que prestam serviço de radiodifusão.
“O ministério das comunicações tem trabalhado com afinco para proporcionar um ambiente regulatório e de investimentos que permita a evolução da radiodifusão brasileira. O audiovisual está em constante evolução. No entanto, a história de resiliência e adaptação desse setor nos ensina que a reinvenção é possível e necessária. Ao abraçar a competição, investir em tecnologia e inovação e manter os seus valores fundamentais, a radiodifusão continuará a ser um pilar vital na construção de uma sociedade informada, conectada e culturalmente rica”, finalizou o Ministro Juscelino Filho.
Após a cerimônia, os convidados se dirigiram ao pavilhão para a solenidade de abertura oficial da Feira de Tecnologia e Negócios de Mídia e Entretenimento, que este ano reúne mais de 150 expositores.
Tecnologia e padrão da TV 3.0 serão definidos em 2024, afirma Ministro das Comunicações
Na abertura do segundo dia do Congresso de Tecnologia e Negócios de Mídia e Entretenimento da SET Expo, realizado em São Paulo, o tema da vez foi a TV 3.0. A tecnologia é objeto de discussão há anos, mas voltou com força à pauta em função da publicação, em abril, da política pública nacional. Essa política estabeleceu um novo patamar para o debate sobre a TV do futuro e criou um calendário de decisões que moldarão a implantação do novo sistema.
Presente ao painel de discussão acerca do tema, o Ministro das Comunicações, Juscelino Filho, afirmou que a TV 3.0 traz enormes possibilidades, como publicidade interativa, comércio eletrônico integrado e conteúdos exclusivos. Ele listou os diversos grupos de trabalho técnicos para o fomento e a implementação do sistema e destacou que, tal qual foi feito com relação à TV Digital, o Brasil tem tudo para se tornar referência também na TV 3.0. “Ao fim de 2024, teremos uma definição quanto ao melhor padrão e a melhor tecnologia”, disse.
A moderação do encontro coube a Roberto Dias Lima Franco, conselheiro da SET e diretor de assuntos institucionais do SBT. Após uma breve introdução, destacando como a TV e o comportamento de massa estão longe de acabar, chamou Raymundo Barros, também conselheiro da SET e presidente do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre.
“Se pudesse resumir em uma frase, o objetivo com a TV 3.0. é inserir definitivamente a TV na economia digital, trazendo modelos e métricas típicas desse ambiente”, disse Barros. No Brasil, lembrou, 52% do share de consumo pertence à TV Aberta; já o streaming, com 20%, tem tomado espaço da TV Paga, hoje com 8%. “Cada vez mais, as pessoas têm combinado streaming com a TV aberta. Temos uma janela de oportunidade para que a TV 3.0 congregue esses dois mundos distintos, a escala de um com a segmentação de outro”.
Para Moisés Queiroz Moreira, conselheiro da Anatel, a TV 3.0 não é mais uma expectativa, mas uma realidade a partir do momento em que se tem uma política pública encaminhada. “Nossa agência, como responsável pelos espectros brasileiros, por natureza finitos e escassos, fará seu trabalho para garantir uma implementação efetiva e segura”.
Já Flávio Lara Resende, presidente da ABERT, ressaltou a importância de se criar linhas especiais de crédito para garantir a capacidade de investimento do setor de radiodifusão e que se destine recursos públicos para adaptar os equipamentos de famílias de baixa renda – tal qual foi feito quando da migração para a TV Digital. Márcio Silva Novaes, presidente da ABRATEL, foi na mesma linha e sublinhou que devemos “valorizar os produtos culturais brasileiros, feitos por brasileiros e exportados para dezenas de países”.
Aplicação de Inteligência Artificial abre horizontes na indústria da mídia
Após a cerimônia de abertura nesta terça (8), o Congresso de Tecnologia e Negócios de Mídia e Entretenimento da Set Expo seguiu debatendo as possibilidades da Inteligência Artificial (IA). Fernando Castelani, Cloud Consulting Account lead da Google Cloud, moderou o painel sobre os impactos que a ferramenta carrega na produção de conteúdo.
Gabriel Carvalho, Key Account Director da Google Cloud, mostrou casos de sucesso da empresa e apontou como o machine learning ajuda a acelerar a produção de conteúdo. “Muita gente quer fazer, mas não tem dados e isso se torna impossível. É preciso ter uma vasta informação sobre o que se consome antes de começar”, avaliou.
Rafael Moraes Pires Vieira, cofundador e executivo da isportistics apontou como a mudança comportamental na sociedade impacta na demanda e no consumo de vídeos. “A geração Z está diminuindo a distância entre os criadores e a audiência. O multiformato permite assistir diferentes formatos e plataformas, com uma entrega cada vez mais personalizada aos usuários”, comentou.
Rafael Pallarés, vice-presidente da Magnite na América Latina, apontou o que deveremos ter em breve no streaming. “Teremos sinais para identificar padrões de comportamento, identificar perfis e segmentar a propaganda. Ainda existem aspectos do nosso ecossistema que precisam amadurecer”, ressaltou.
Para finalizar, Miguel Dorneles, Business Development LATAM da Respeecher, apontou como a empresa utiliza e quais as possibilidades da IA. “Podemos ter vozes consistentes, escaláveis, de alta demanda, infantis, do passado… E elas podem ser aplicadas em filmes, na TV, na dublagem, em videogames, na publicidade, em podcasts… A gama de alternativas é enorme”, avaliou.
Painel Educação para o Futuro discute desafios para impulsionar a qualidade do ensino no mundo digital
Os desafios para democratizar a educação e preparar as novas gerações para um futuro cada vez mais digital foi debatido no painel ‘Educação para o Futuro’, que faz parte da trilha Full Connect do Congresso da SET EXPO 2023. A apresentação ficou a cargo de Wagner Kojo, conselheiro SET e curador do SET eXPerience Full Connect. A mediação do debate foi feita por José Luiz Nogueira, CEO da Cientik.
Nogueira ilustrou o desafio e as barreiras da educação dizendo que, “no Brasil, a educação tem infraestrutura do século 19, professores do século 20 e alunos do século 21”. Para ele, é urgente que se coloque todos no mesmo patamar para que o ensino dê um salto de qualidade. Para isso, ele acredita ser necessário dar aos professores novas ferramentas de ensino.
Ele demonstrou como a plataforma Cientik pode ser uma ferramenta de apoio para alunos e professores desenvolverem novas habilidades e conhecimentos alinhados às demandas do futuro. Com conteúdos em formato de seriado e linguagem dinâmica, adequada a um novo público, os cursos são todos orientados pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular).
Bruno Lopes Correia, Secretário Adjunto de Educação da Prefeitura de São Paulo, reforçou a importância do investimento na capacitação de professores e de alunos para os desafios digitais. Lembrou também que é preciso focar em uma questão fundamental: manter crianças e jovens na escola. “Temos a missão de manter nossos alunos motivados a permanecerem na escola, porque a evasão acaba desestimulando outros alunos”, diz Correia.
Na visão de Ewerton Fulini, vice-presidente do Instituto Ayrton Senna, a tecnologia é uma ferramenta muito importante para acelerar o aprendizado. “O problema é que temos vários ‘brasis’ dentro do Brasil e há muita desigualdade entre as realidades”, ponderou. Ele enfatizou ainda o fato de que 80% das matrículas escolares são em escolas públicas e por isso o Instituto Ayrton Senna foca em desenvolver soluções para a formação de professores.
“Antes da pandemia, atuávamos exclusivamente de forma off-line, mas então passamos por um processo de transformação digital no qual digitalizamos nossos conteúdos e criamos plataformas de jornadas formativas 100% gratuitas”, revela Fulini. O executivo destacou ainda que, além das competências técnicas, o instituto foca muito na capacitação para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como tolerância ao estresse, resiliência, motivação, senso crítico e tolerância a frustrações, que são competências cada vez mais valorizadas e necessárias no mundo atual.
Já Hugo Nepomuceno, subsecretário Municipal de Educação do Rio de Janeiro, enfatizou que é preciso ter em perspectiva a necessidade urgente de formar pessoas capazes de produzir e participar da economia do século 21. Para isso, ele acredita na importância de equilibrar na educação o low tech e o high tech, de modo que em algumas escolas do Rio há espaço para que se desenvolva não apenas habilidades digitais, mas também práticas, como marcenaria e costura, que são coisas úteis no dia a dia.
O déficit de mão de obra qualificada no mercado de tecnologia foi abordado por Affonso Nina, Presidente da Brasscom, a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais. Segundo ele, há uma projeção de que, no Brasil, sejam criadas cerca de 170 mil vagas na área de tecnologia por ano no próximo triênio e que o país não está preparado para suprir esta demanda. “Esse é um gargalo que atrasa o nosso desenvolvimento tecnológico”, explica Nina. “Está na hora do Brasil se posicionar, porque já perdemos muitas oportunidades e em tecnologia a gente não perde o bonde, a gente perde o trem-bala.”
SOBRE a SET, organizadora do evento
Centro de excelência de atualização, representação e difusão de conhecimento de profissionais e empresas do setor, a SET – Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão – é uma associação que atua como HUB de tecnologia, debates e negócios de toda a comunidade que compõe e mantém contato com o mercado, atual e futuro, de broadcast, mídia e entretenimento.
SET Expo 2023
Congresso: de 7 a 10 de agosto de 2023
Feira: de 8 a 10 de agosto de 2023
Local: Expo Center Norte – Pavilhão Azul (Rua José Bernardo Pinto, 333 – Vila Guilherme, São Paulo – SP)
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