Mudanças no consumo de conteúdo obrigam busca por melhor distribuição
Carlos Cauvilla, diretor de Tecnologia de Operações do SBT e conselheiro da SET, moderou a primeira palestra do Congresso de Tecnologia e Negócios de Mídia e Entretenimento do SET Expo 2023 nesta segunda (7). A maior eficiência das empresas, através da coleta e análise de metadados de fluxos de trabalho, foi o alvo de debate.
“Os algoritmos de gráficos podem dar informações sobre estrutura e tecnologia, ver onde está o tráfego e entender onde os recursos podem ser melhor aplicados. Assim, temos o caminho mais curto para chegar ao resultado que buscamos”, disse David Kaszycki, co-fundador e CEO da Beam Dynamics, que ainda alertou para a importância de estruturar os dados para que a Inteligência Artificial saiba o que deve responder.
Em seguida, Simon Eldridge, Chief Product Officer da SDVI, apontou soluções para otimizar a gestão de recursos disponíveis da cadeia produtiva. “A indústria está mudando. Não basta mais preparar conteúdos para programação linear, é preciso entregá-los em diferentes plataformas. O conteúdo é consumido de diferentes formas atualmente, você não liga mais a TV e assiste ao que está passando”, destacou.
Gabriel Ricardo Hahmann, Senior Business Development Director LATAM na MEDIAGENIX, encerrou o primeiro painel apontando a necessidade de garantir que os dados gerados durante a produção precisam estar em uma ferramenta única, onde todos da equipe possam colaborar. “O planejamento estratégico garante mais eficiência para distribuição de conteúdo; a produção de portal serve para unificar as informações dos metadados; e a orquestração é a cola que permite o bom funcionamento dos processos, onde você cria fluxos de trabalho e conecta as equipes”, avaliou.
Por pressão de custos e novas tecnologias, players falam em revolução na distribuição de sinais para TV
O Congresso de Tecnologia e Negócios de Mídia e Entretenimento da SET EXPO teve início nesta segunda (7), em São Paulo. Em uma das primeiras palestras do evento, os especialistas subiram ao palco para responder se alguma coisa mudou na forma de distribuir sinais para a TV linear nos últimos anos. Em síntese, a resposta é um enfático sim. O paradigma de distribuição, apontaram os palestrantes, se manteve parecido por décadas, mas recentemente o leque de opções aumentou muito, bem como a complexidade e a sofisticação das tecnologias. “O modelo de negócios das TVs, com a fragmentação da audiência e da publicidade, evoluiu e a indústria teve de correr atrás do prejuízo”, disse Daniel Diniz, diretor de vendas da Net Insight.
Tanto Diniz, como Guilherme Saraiva, diretor comercial da Embratel, apontaram a nuvem como a tecnologia da vez. “Como nossa base utiliza softwares na nuvem (email, relacionamento com clientes, plataformas de publicidade), fomos por esse caminho também. O nosso serviço se conecta aos mais variados serviços, de modo que o conteúdo não precisa ir necessariamente à base do cliente”, afirmou Saraiva.
Marcelo Amoedo, diretor de vendas da Intelsat Serviços de Broadcast, destacou o investimento bilionário que a companhia tem feito para criar um ecossistema global para conectar pessoas, empresas e governo. Aqui, mencionou não só nuvem e softwares, como também a conexão 5G. “É o desenvolvimento da internet banda larga, e a consequente evolução e multiplicação das plataformas de streamings, que forçou todo o setor a evoluir”.
Por fim, Camilla Cintra, gerente de projetos de Telecom da Globo, trouxe a perspectiva do cliente, do usuário. Segundo ela, a mudança no mercado de conteúdo trouxe forte pressão de custos sobre o que, até pouco tempo atrás, já estava estabelecido. “O modelo de distribuição depende da estratégia e dos requisitos de cada produto – como TV linear, seja ela aberta ou paga, ou o Globoplay. Por isso, buscamos soluções escaláveis, eficientes e, sobretudo, flexíveis”, concluiu.
Congresso da SET EXPO 2023 inicia trilha de segurança com lições de prevenção contra ransomware
Uma das mais temidas formas de ciberataques contra empresas foi tema da primeira palestra da trilha de segurança do Congresso do SET Expo. Ameaças como ransomware e cyber extorsão foram temas abordados por especialistas. Além disso, os ataques sofridos em 2022 pela TV Anhanguera e Record TV foram apresentados como cases de aprendizado.
Como mediador do encontro, Eduardo Fedorowicz, Gerente de Cibersegurança da Globo, abriu alertando para o risco e a gravidade desses tipos de ataques e explicando as diferenças entre eles. Ransomware se define como sequestro de dados, que acontece por meio de uma invasão que criptografa e tira acesso a informações, impedindo empresas de operar para então solicitar um resgate. Já a cyber extorsão se define pela ameaça de exposição e vazamento de dados que os grupos de ataque acessaram e copiaram.
“Boa parte das empresas não se recuperam desses ataques”, enfatiza Fedorowicz. Ele também explica que, uma vez tendo invadido os sistemas de uma empresa, um grupo de ataque pode permanecer lá por tempo indefinido. “Isso pode durar um dia, meses ou até mesmo mais de um ano. Ficam até terem acesso ao que é crítico, a não ser que sejam identificados”.
Para Guilherme Cosentino, Gerente de Serviços Estratégicos de Cibersegurança da Mandiant, é equivocado achar que a redução de ataques vista nos últimos anos seja o fim deles. “O ransomware não está morto, o que está ocorrendo é uma adaptação dos grupos de ameaça ao novo cenário de segurança”, explica.
Aprendizados com os ataques sofridos por empresas de mídia vieram das experiências de Michel Pereira e Silva, Gerente de Infra e Segurança da Informação da TV Anhanguera, e Alex Viana, Gerente de Infraestrutura e Segurança da Informação da Record TV. Silva apresentou como aprendizado a importância do backup, a adoção de proteções específicas para ameaças de ransomware, uso de backups em segmentos isolados e controle de acesso aos servidores de backup.
Viana reforça o que é visto como o pilar de segurança contra os ataques: o backup. “Se antes o backup era visto como um mal necessário, hoje ele é um ativo estratégico”, afirma. Sobre as melhores medidas para se proteger, ele destaca o planejamento e a elaboração de planos de contingência claros e bem comunicados e equipes preparadas para focarem nas ações emergenciais quando o ataque é identificado.
Novas tecnologias de produção virtual expandem possibilidades e reduzem custos
A forma de enxergar o mundo mudou. A chegada da realidade virtual (VR), da realidade aumentada (AR) e da realidade estendida (XR) trouxe impactos para a indústria da TV, do cinema e dos games. Caio Klein, diretor geral da TVE/RS, moderou um painel nesta segunda (7), no Set Expo, para detalhar a infraestrutura envolvida e debater possibilidades para a utilização de telas de LED e da IA (Inteligência Artificial).
Jorge Martinez, diretor de desenvolvimento de negócios das Américas e diretor de vendas para a América Latina da Stype, abriu o painel mostrando exemplos e como é a atuação das câmeras para produzir as perspectivas. “Temos muitas possibilidades para alcançar um resultado excelente”, ponderou.
André Arnaut, especialista em produção virtual e motion graphics para Broadcast, abordou a viabilidade de produção virtual de baixo custo. “Muita gente não sabe que houve uma revolução na produção virtual. É possível fazer uma estação de trabalho com cerca de 35 mil reais atualmente. Há cinco anos, se gastaria milhões”, observou.
Mostrando que existem diversos caminhos para alcançar bons resultados, Nelson Maluf, diretor virtual de produção da Disguise, destacou a importância de reduzir a latência para que todo procedimento tenha fluidez. “A produção virtual está acelerando a criação de conteúdo. O sistema precisa ser eficiente, preciso e entregar confiabilidade”, comentou.
Paulo Rabello, diretor do hub de operações e distribuição de conteúdo da Globo, falou sobre a inserção de elementos na emissora. “Usamos para aumentar o engajamento do nosso público, fazendo o impossível acontecer e, o que já era possível, aconteça com custo mais acessível”, concluiu.
Produção de conteúdo ao vivo em nuvem já é realidade, mas adoção ainda está no começo
Embora a nuvem tenha enorme potencial para tornar as produções de conteúdo ao vivo mais ágeis, flexíveis e baratas, a maioria das soluções, hoje, ainda depende de hardwares físicos e aplicações locais. Há, ademais, diversas dúvidas sobre compatibilidade entre diferentes sistemas e com que urgência as empresas devem se adaptar à nova tecnologia.
Foram essas algumas das dúvidas que os especialistas trouxeram ao painel sobre produções na nuvem, realizado no Congresso de Tecnologia e Negócios de Mídia e Entretenimento da SET Expo. “Mídia e entretenimento estão no centro da disrupção digital. Há cada vez mais conteúdo sendo consumido e ainda mais conteúdo sendo criado”, destacou Bill Rice, diretor de pre-sales da Grass Valley.
Para Fabio Acquati, diretor de tecnologia da NGN Telecom, a nuvem atrai uma série de empresas por ser escalável, flexível, confiável e eficiente em custos, além de permitir a produção remota e colaborativa. Por outro lado, há desafios como complexidade, variedade de protocolos, necessidade de investimentos e falta de confiança.
São esses desafios que impedem uma adoção mais rápida da nuvem nas produções ao vivo, pois, como sublinhou Boris Kauffmann, arquiteto de soluções na Amazon Web Services, a tecnologia está pronta. “Conseguimos transportar vídeos sem compressão entre instâncias para que não haja perda de qualidade em momentos decisivos, como na hora de um gol”, disse. “A infraestrutura necessária ainda é bem menor, o que facilita o transporte até a arena do jogo e reduz a pegada de carbono da operação”.
Cenário atual do combate à pirataria reúne especialistas do setor público e privado
A pirataria é um desafio que gera prejuízos de mais de R$ 12 bilhões ao ano, segundo dados Frente Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP). Meios para reduzir a oferta e a disseminação de conteúdo pirata por meio de caixas de IPTV e sites clandestinos foi o foco da conversa que reuniu especialistas do setor público e privado no primeiro dia do Congresso da SET Expo 2023 durante o painel ‘Pirataria em Xeque: Indústria e Poder Público Unidos no Combate’.
Mediado por Diogo Leuzinger, Coordenador de Segurança da Informação da Globo, o encontro começou com uma apresentação de Moisés Queiroz Moreira, Conselheiro da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Ele explicou as principais medidas que a agência vem tomando dentro do Plano de Ação de Combate à Pirataria.
Moreira afirma que, até o momento, já foram retirados do mercado mais de 1,5 milhão de aparelhos clandestinos. Ele também enfatizou os riscos que as famílias correm ao utilizar aparelhos não homologados pela Anatel, como o roubo de dados e a invasão de redes domésticas.
O amadurecimento das ações da Ancine (Agência Nacional do Cinema) foi abordado por Carlos Chelfo, Coordenador de Proteção ao Direito Autoral da agência. Se antes a Ancine não tinha uma direção clara de quais ações lhe competiam no combate à pirataria, em 2022 isso se definiu de forma mais efetiva, com a agência atuando objetivamente na proteção do direito autoral.
“O ilícito não pode vencer o lícito”, afirma Jonas Antunes, Diretor Jurídico da ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura). Ele lembra também que a pirataria está ligada ao crime organizado e é uma isca muito utilizada para crimes cibernéticos ainda mais graves. Em sua apresentação, revelou como algumas ações para inibir focos de pirataria são realizadas, como, por exemplo, o uso de robôs para identificar ofertas ilegais de conteúdo e de equipamentos.
Já Mark Mulready, vice-presidente de Ciberserviços da Irdeto, trouxe projeções do impacto que a pirataria tende a causar nos negócios caso não seja reduzida. Segundo o relatório apresentado, feito pela consultoria norte-americana Parks Associates, para as empresas de streaming nos EUA a estimativa é de uma perda global acumulada de US$ 113 bilhões até o fim de 2027.
O dinamismo e a rápida atualização desse tipo de crime representam um desafio para o seu combate. Porém, com novas tecnologias e a cooperação entre órgãos do governo e as empresas do setor de mídia, este é um problema que tem sido enfrentado com mais eficiência nos últimos anos.
Comportamento do espectador: como os criadores moldam seus conteúdos
Como as novas ferramentas e plataformas estão transformando o ecossistema de criação de conteúdos online e como anda a relação das marcas com este mercado? Para tratar desses temas a produtora executiva Fernanda Siqueira Pinto moderou painel nesta segunda (7) durante o Congresso de Tecnologia e Negócios de Mídia e Entretenimento do SET Expo. A especialista mostrou dados que comprovam a relevância e a curva ascendente deste mercado, trazendo as tendências e os desafios do setor para a conversa.
“Vimos um crescimento absurdo no começo da pandemia. Sinto que o mercado publicitário está muito aquecido, principalmente em cima de resultado. Conversão é a palavra. As métricas ainda são as mesmas, mas nosso principal dado é o tempo que estamos segurando a pessoa”, disse Rafa Dias, CEO do Dia Estúdio.
“Existem muitos produtores que entenderam o formato de vídeos curtos e damos muito valor. Os eventos ao vivo prendem bastante a audiência. Saber interagir com o público é o grande diferencial”, aponta Erika Dias, Head of Creators Ecosystem and Partners da Kwai.
“Estamos aprendendo a entender as métricas que são válidas. Os criadores que já produziam vídeos longos demoraram para entender como seria a conversa com a audiência em vídeos curtos. Temos uma enxurrada de criadores apenas de vídeos curtos”, afirmou Manuela Villela, Head Creator Ecosystem do YouTube Brasil.
Entrada de novas mídias transforma publicidade na televisão
A popularização do streaming obrigou as TVs a deixarem de lado a forma linear de distribuir seu conteúdo para se tornarem cada vez mais digitais. No Congresso de Tecnologia e Negócios de Mídia e Entretenimento do SET Expo, Breno Barcelos, Display & Video 360 Product Lead do Google, moderou painel para falar sobre a entrega de uma publicidade assertiva diante dos novos modelos de negócio no consumo de vídeo.
“Ganhamos um universo de possibilidades para entregar a publicidade com as novas tecnologias. A TV aberta é muito qualificada no Brasil graças à propaganda. Existe um universo aqui que permite muitos modelos de negócios. Não existe uma receita de bolo e temos muitos sabores”, avaliou Karin Ribeiro, gerente de negócios digitais do SBT.
Rafael Pallarés, vice-presidente da Magnite na América Latina, apontou o que deveremos ter em breve no streaming. “Teremos sinais para identificar padrões de comportamento, identificar perfis e segmentar a propaganda. Ainda existem aspectos do nosso ecossistema que precisam amadurecer”, ressaltou.
“Os hábitos das pessoas é que estão mudando a indústria. Começamos a olhar para uma lógica de distribuição diferente. Quando se fala de propaganda, temos que saber o momento mais oportuno para chamar a atenção dos espectadores. Não basta ver só a audiência, precisamos ter dados para que a estratégia de mídia seja relevante”, explicou Denis Onishi, Senior Business Director na Paramount.
Tecnologia 5G já mudou a indústria de mídia e entretenimento – e este é só o começo
Os participantes do Congresso de Tecnologia e Negócios de Mídia e Entretenimento da SET Expo puderam acompanhar nesta segunda (7), um painel centrado no impacto do 5G na indústria de mídia e entretenimento. Ao longo do debate, os especialistas falaram não só de casos atuais como comentaram novas perspectivas de uso – houve tempo, ainda, de imaginar as possibilidades do 6G.
Arismar Cerqueira S. Jr., engenheiro de telecomunicações, traçou um breve histórico das tecnologias de comunicação, desde o 1G (voz) e o 2G (SMS), passando pelo 3G (dados) e o 4G (vídeo). “Até agora tivemos uma corrida com barreiras, mas o 5G é um foguete. Sua velocidade é tão maior que possibilita recursos e ferramentas completamente diferentes, mais sofisticadas e sensíveis”, disse. Como exemplos, mencionou as conexões entre máquinas, de cidades inteligentes a carros autônomos.
Diretor de soluções para mídia da Ateme, Williams Tovar foi na mesma direção, sublinhando que o 5G tem sido usado prioritariamente para conexões entre empresas e consumidores (B2C), mas que a verdadeira revolução virá com a interação entre empresas (B2B) – resultado em uma indústria muito mais eficiente. No entretenimento, se voltou a experiências possíveis do mundo figital (físico e digital): em um jogo de futebol, o consumidor, com um dispositivo de realidade aumentada, poderia acompanhar câmeras e estatísticas exclusivas enquanto vibra em meio à torcida.
Já Uirá Moreno Rosário e Barros, analista de telecom de estratégia e tecnologia da Globo, mostrou como o 5G tem auxiliado a emissora no jornalismo diário e na transmissão de grandes eventos, como o Rock in Rio. Vale ressaltar o Big Brother Brasil desde ano, com alta taxa de transmissão e baixo delay, e que teve o auxílio da Embratel, cujo consultor de engenharia de telecomunicações, Carlos Alberto S. Camardella, estava presente.
Alta qualidade de imagem ou baixo delay? Empresas de streaming buscam o codec perfeito para suas operações
Com o crescimento do mercado de streaming e o advento do 4K, os distribuidores de conteúdo têm enfrentado o desafio de equilibrar alta qualidade de imagem e baixa margem de latência. Os especialistas presentes em painel do Congresso de Tecnologia e Negócios de Mídia e Entretenimento da SET Expo, que discutiu as novas tecnologias do setor, foram unânimes ao dizer que, para esse dilema, não há bala de prata.
Manfred von Runkel, arquiteto de soluções da Bitmovin, destacou o novo codec AV1, que garante ótima definição de imagem sem sobrecarregar o tráfego de dados. No entanto, ao comparar com outros padrões, como o H264, disse compreender porque ele ainda não é sempre escolhido por boa parte das empresas.
É o caso da Globo. Marcos Sant’Anna, coordenador de projetos e produtos digitais da empresa, explicou a opção pelo H264 em diversas transmissões ao vivo – “em esportes, não podemos sofrer com delay” – e pelo HEVC em conteúdos 4K.
“Ainda que o AV1 ofereça uma série de vantagens, não podemos penalizar o usuário do Globoplay que vive em regiões com internet de menor qualidade. Precisamos sempre pensar sob a perspectiva do assinante”, disse Sant’Anna. “Há ainda a questão da compatibilidade: quais dispositivos aceitam quais codecs?”.
Já Ronaldo Dias, diretor de vendas para as Américas da Amagi, falou sobre o Ecossistema FAST (acrônimo, em inglês, para streaming gratuito suportado por anúncios). Com rápida ascensão, com mais de 2 mil canais nos Estados Unidos, por exemplo, o próximo passo é investir na personalização – o FAST 2.0. “Na nossa visão, chegamos ao momento de substituir a experiência do cabo pelo FAST. Com a personalização, precisamos agradar usuários, produtores e distribuidores de conteúdo, bem como os anunciantes”.
Riscos da deepfake e caso Elis Regina são debatidos em painel do Congresso da SET Expo
A acelerada evolução da tecnologia de Inteligência Artificial (IA) e sua aplicação na produção de deepfakes foram temas de painel que abordou os riscos que essas tecnologias representam para empresas e indivíduos. Um exemplo que o debate trouxe foi a recente polêmica envolvendo a publicidade que utilizou a técnica para recriar a cantora Elis Regina, morta em 1982.
Diego Piffaretti, Líder de Segurança Ofensiva (Red Team) da Globo, apresentou alguns casos emblemáticos do uso de deepfake, como o caso da apresentadora de um telejornal na Coreia da Sul que teve uma versão totalmente digital sua apresentando notícias. Ele afirma que o ChatGPT, modelo de IA generativa que foi o primeiro a se tornar popular gratuitamente, é só a ponta de um iceberg. Como exemplo, ele cita o site theresanaiforthat.com, que lista programas de IA disponíveis para diversas tarefas. Até a tarde de 7 de agosto, o site listava 6,739 disponíveis para mais de 1,800 tarefas. “É evidente que muitas dessas ferramentas de IAs não têm instrumentos de controle e segurança adequados e isso é um risco muito grande”, alerta.
Segundo o executivo, o uso indiscriminado do ChatGPT pode trazer riscos de segurança, uma vez que tudo que se digita ali pode acabar sendo acessado por outra pessoa, já que é utilizado para o aprendizado do chat e, com os comandos certos, ele pode acabar compartilhando informações colocadas lá. “Uma empresa que resolve usar uma IA gratuita para gerar uma folha de pagamento, por exemplo. Os dados sensíveis de funcionários, como documentos, salários, contas bancárias podem ser expostas e acessadas por alguém que saiba hackear a ferramenta”.
Fernando Rodrigues de Oliveira, Diretor de Arte Digital e CMO da FaceFactoryAI e conhecido como Fernando 3D, explicou de forma simplificada como a IA produz uma deepfake. “É como se fosse uma briga entre duas IAs: uma produz a imagem e a outra tenta verificar se é autêntica. Esse processo se repete até a IA que está verificando não perceber mais que aquilo é uma deepfake e afirmar que se trata de uma imagem verdadeira.”
Os principais riscos que esse tipo de tecnologia traz foram explicados por Thiago Labliuk, sócio-diretor na KPMG Brasil que atua no gerenciamento de riscos de cibersegurança. “Por não serem recursos de difícil acesso, essas tecnologias representam riscos não apenas técnicos ou digitais, mas até mesmo para modelos de negócio”, afirma. Ele ilustra com casos de altos executivos que tiveram a voz clonada para pedir a funcionários senhas de acesso que seriam utilizadas em ataques de hackers. Esse risco vale também para pessoas físicas, pois uma voz clonada de um familiar pode ser utilizada no Whatsapp para aplicação de golpes, como hoje já é feito por texto.
A dica para se proteger é estabelecer entre amigos e familiares uma palavra de segurança a ser solicitada no caso de contatos suspeitos. Além, claro, de um recurso mais simples e direto. “A gente esquece que celular também faz ligação. Na dúvida, liga para a pessoa”, aconselha Labliuk. Pessoas que têm alta exposição na mídia e nas redes sociais, especialmente com vídeos, estão mais expostas ao deepfake. Labliuk conta que já estão sendo aplicadas medidas de segurança nas quais a IA solicita uma verificação e uma aprovação da pessoa antes de gerar uma simulação digital. No entanto, como sempre acontece com tecnologias que estão em evolução acelerada, já existem meios de falsificar essa verificação.
Outro risco trazido para o debate diz respeito à imortalidade de grandes figuras. O caso usado como exemplo foi a polêmica publicidade que utilizou deepfake para recriar a cantora Elis Regina. “Gerações pensam diferente, por isso, mesmo familiares e herdeiros autorizando, ainda pode ser algo polêmico”, explica Labliuk. Em resumo, cresce hoje o debate sobre direito de imagem à luz desta nova tecnologia, assim como o entendimento dos riscos que a IA e o deepfake podem representar. No entanto, o consenso é de que não se trata de frear a evolução da tecnologia digital, mas de encontrar ferramentas efetivas de controle e regulação.
Documento com guidelines de segurança e melhores práticas de segurança é traduzido e lançado na SET EXPO 2023
Encerrando a programação no dia de abertura do Congresso SET EXPO 2023, nesta segunda (7), às 16h, no Expo Center Norte, durante a palestra ‘Melhores Práticas de Segurança da Informação para Segurança de Conteúdo’, cinco especialistas em gestão e segurança de informação trocaram conhecimentos e experiências sobre o tema. A mediação foi de Vinícius Brasileiro, gerente de segurança da informação da Globo.
Por videoconferência, diretamente de Los Angeles, Kari Grubin, diretora da Motion Picture Association e da Trusted Partner Network, apresentou em primeira-mão o documento MPA Content Security Best Practices, que reúne as guidelines usadas pelas duas instituições com as melhores práticas de segurança para o setor. O SET Expo é o patrocinador e tradutor oficial da publicação no Brasil. “Escolhemos a SET por ser a principal entidade do audiovisual na América Latina, que tem mais condições de administrar e distribuir o conteúdo do documento com responsabilidade”, disse a diretora da MPA e da TPN. “Toda empresa de comunicação precisa fazer um check-up de segurança uma vez por ano”, acrescentou.
Daniel Tupinambá Gonçalves, líder em cyber forensics e sócio da Deloitte, ressaltou a geração de valor de mercado agregado pela cybersegurança. Ele revelou que, para 55% das empresas de alta maturidade, a segurança cibernética causa um aumento do impacto da confiança e na eficiência; enquanto 65% destas citam resiliência e agilidade como benefícios.
Também por videoconferência, Ariosto Farias Jr., da CQSI-Consultoria em Gestão e Segurança da Informação, falou sobre seu trabalho como coordenador da comissão da ABNT CE 021.027. Ele explicou como foi a adoção no Brasil da NBR ISO 27001, da NBR ISO 27002 e demais normas da família ISO 27000, padrões desenvolvidos pela International Organization for Standardization (ISO) e International Electrotechnical Commission (IEC) que fornecem estrutura de gerenciamento da segurança da informação e proteção de dados.
Lucas Bortolato, CTO/CISO da Every System Company, destacou seu trabalho de inclusão e acessibilidade junto à empresa MAV: “A autonomia é a chave para a verdadeira inclusão, pois permite que pessoas com deficiência sejam protagonistas de suas vidas”, acrescentou.
SOBRE a SET, organizadora do evento
Centro de excelência de atualização, representação e difusão de conhecimento de profissionais e empresas do setor, a SET – Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão – é uma associação que atua como HUB de tecnologia, debates e negócios de toda a comunidade que compõe e mantém contato com o mercado, atual e futuro, de broadcast, mídia e entretenimento.
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