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Sala de aula é lugar de tecnologia sim: tablets, projetores e o Programaê fazem parte da aula em SJC

Depois da falar sobre o LEDI e o uso de informática em sala de aula na rede pública municipal de São José dos Campos faltou o óbvio: ir visitar uma escola. Eu só não tinha feito isso antes porque quando comecei a procurar mais sobre o tema já eram férias escolares.
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Foi então que com o apoio da equipe de comunicação da prefeitura de São José dos Campos consegui visitar a EMEF Professora Palmyra Santanna. E faço questão de ressaltar isso porque para maioria das prefeituras blogueiro (mesmo sendo jornalista e tendo MtB como é o caso) não é imprensa, mas em São José dos Campos pelo menos a Educação dialoga comigo o que já é um bom passo 🙂
Mas aí então combinei de ir até a escola. Minha intenção era ficar o menor tempo possível e atrapalhar o menos possível o trabalho dos professores. Como eu sou professor também eu sei o quanto um elemento estranho pode causar de transtorno numa aula ou atrapalhar a aula planejada. Então optei por ficar no papel de observador num cantinho da sala.

Interior da escola. Foto: Antônio Basílio - Prefeitura Municipal de São José dos Campos
Interior da escola. Foto: Antônio Basílio – Prefeitura Municipal de São José dos Campos

Não se engane a foto ali embaixo com uma carteira com um tablet não é numa escola cara, é na rede municipal pública de ensino no bairro Vila Industrial.
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E na parede da sala tem um projetor multimídia super interativo e tudo conectado à internet em alta velocidade.
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A atividade que eu acompanhei era assim: a professora passou um vídeo do Youtube do saci-pererê. Depois um software chamado Classroom dispara um questionário previamente criado pela professora sobre o vídeo. Perguntinhas simples sobre a compreensão da narrativa.
 
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Da sua mesa o professor consegue acompanhar o desempenho dos alunos. Quem está disperso e ainda não começou a preencher a atividade é advertido. E também é possível ver quais alunos acertaram e quais erraram o questionário – assim o educador pode agir de forma pontual num determinado tema.
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A presença de um técnico em multimeios didáticos é fundamental, ele fica lá acompanhando os professores o tempo todo quando dá problema e de fato eles acontecem.IMG_20150910_143757_HDR
Alguns alunos acabam esquecendo de levar o tablet então a saída é sentar com os coleguinhas.
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A EMEF Professora Palmyra Santanna tem 45 professores equipados com seus notebooks e 850 alunos já participam do programa com tablets. Ao todo são 12 projetores em salas de aula.
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Um dos alunos que falou comigo foi o Cauê, ele me disse que gosta muito de usar o tablet e acha mais legal que os livros. Eu perguntei para ele se não era mais legal jogar – dando uma provocada na relação tablet brinquedo x tablet educacional – e ele me corrigiu: “dá para aprender também jogando e aí fica mais legal”. De fato games educacionais são excelentes para o aprendizado. Parabéns Cauê nota 10 para você!
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É o caso do Gatópolis da Fundação Lemann que ensina língua portuguesa brincando – ferramenta adotada pelo sistema público de São José dos Campos, assim como o Programaê! – que estimula o ensino de programação para jovens e uma iniciativa da Fundação Lemann com a Fundação Telefonica Vivo. Aprender programação tem vários benefícios uma vez que envolve várias competências entre elas matemática e raciocínio lógico.
As professoras também acham que a tecnologia ajudou muito no processo ensino-aprendizagem e o que mais me chamou a atenção foi a rápida conversa que tive com a diretora no final da visita. Ela me disse que os alunos mudaram também o comportamento: estão mais calmos e quando há uma folga – uma aula cancelada ou janela como se dizia no meu tempo – eles vão pro laboratório de informática estudar – sim isso mesmo estudar.
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Isso porque além das salas tem um espaço onde os alunos podem usar ferramentas educacionais como o Khan Academy – parceiro do Programaê!. Falei também com uma aluna que usa com frequência o Khan Academy para estudar matemática. Ela disse que se sente mais preparada para as provas e que as vezes chega na aula já sabendo todo conteúdo que será apresentado.
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Quem é da área de educação irá identificar vários novos conceitos sendo aplicados em São José dos Campos: aula hibrida, adaptive learning, flipped classroom. Tá tudo aí mas de um jeito mais orgânico e menos pomposo – que bom.
O programa ainda carece de uma maturidade tecnológica de todos os atores: secretaria, escolas, professores e alunos. Mas aí não tem jeito né, só se tem maturidade fazendo, errando e tendo tempo pra rodar novas propostas. Também há falta ainda de projetos estruturados com apresentações de resultados tangíveis, como feirinhas de ciências que mostrem os avanços das crianças nas tecnologias ou exposições de trabalhos digitais – mas sinto que o programa em São José dos Campos caminhará para isso. Não há sistema educacional perfeito e não há uma implantação dessa proporção sem dor de cabeça. Vai ter problema na internet, nos tablets, na adoção dos professores e da família. Mas alguém aí duvida que é um caminho sem volta?
Eu fui lá ver, e o que eu vi é um grupo de educadores querendo que tudo dê certo e crianças querendo aprender e se preparar para criarem seu mundo. E vi uma escola muito bacana, colorida, diferente e não vou mentir: ver ali duas crianças sentadinhas com um tablet numa escola pública me deixou emocionado. E é essa carteira de ensino que toda criança deveria ter:
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O Programa Escola Interativa
Programa Escola Interativa fez um ano em julho passado. São 240 salas interativas em Escolas de Ensino Fundamental de um total de 600 (portanto 40% do total) que atendem 37.332 alunos de um total de 57.713 (64%). São 17 EMEFS (Ensino Fundamental) de um total de 46.
Há ainda 64 EMEIS (Salas de Leitura Interativa da Educação Infantil) de um total de 73. A primeira fase de implantação já equipou com notebooks mais de 3.300 professores, tanto do Ensino Fundamental como da Educação Infantil. Ao todo, foram entregues 18.732 tablets entre o Ensino Fundamental e Salas de Leitura Interativa da Educação Infantil. A internet por fibra ótica irá conectar todas as escolas.
O recém inaugurado LEDI – Laboratório de Educação Digital e Interativa – polo de cultura tecnológica voltada à comunidade escolar já atendeu mais mil pessoas desde sua inauguração.
O Programaê!

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O Programaê! é um movimento cultural, criado em parceria com a Fundação Lemann, em prol da disseminação do tema programação, que dá a jovens a oportunidade de adquirir conhecimento técnico no tema, para que, no futuro, eles possam aplicar o aprendizado tecnológico em prol de benefícios para a sociedade e para si, seja na criação de aplicativos, sites ou outras ferramentas tão presentes no nosso cotidiano.
O portal é o coração do projeto, por meio desse canal de informações, todas as pessoas têm a oportunidade de acessar os conteúdos gratuitos e aprender. Lá estão disponíveis diversos materiais sobre programação, cursos, eventos, ações em escolas e debates sobre o tema. O projeto conta com diversos parceiros de conteúdo, responsáveis pelos cursos online. São eles: Code.org, Code Academy, Khan, Fábrica de Aplicativos e Scratch.
Os integrantes do movimento desenvolveram um conjunto de planos de aula para professores que quiserem inserir o tema em sala de aula. Professores de São José dos Campos (SP), Itaquaquecetuba(SP), Bombinhas (SC), Duque de Caxias (RJ) e Elisiário (SP) já aderiram. Para usar omaterial didático, não é preciso ter experiência prévia — as plataformas abordam a linguagem de programação profissional com um viés lúdico. O conteúdo integral está disponível online, para qualquer pessoa.

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