Sucesso dos podcasts reafirma força da comunicação via áudio na internet
O crescimento da comunicação via áudio, especialmente via streaming, e as múltiplas possibilidades desse formato foram debatidos nesta quinta (10) em painel do Congresso SET Expo 2023. Com mediação de Igor Macaubas, diretor de plataformas digitais da Globo, a conversa rendeu e mostrou o tamanho desse mercado no Brasil.
Priscilla Barsotti, diretora de vendas no Spotify, trouxe números que comprovam a relevância do setor no país. “Temos uma permanência média diária de 2h27. O Spotify funciona como uma trilha sonora das nossas vidas, vamos trocando de acordo com que estamos sentindo ou fazendo. Existem mais de cinco milhões de podcasts, já não é algo nichado. E o Brasil é o segundo mercado com mais usuários em nossa plataforma”, declarou.
Eliseu Barreira Junior, Head de gestão de portfólio de produtos digitais e canais pagos da Globo, por sua vez, disse que além de ser o país do futebol e da novela, o Brasil também é o país do podcast. “Existia uma noção de que seria só uma plataforma de áudio para complementar outros formatos. Mas, percebemos que ele é mais do que isso, é uma plataforma de influência”, comentou.
Já o apresentador, produtor, roteirista, autor e diretor, M.M. Izidoro falou da relevância do rádio na sociedade. “Ele nunca saiu de moda. O áudio tem um poder ancestral que agrega muito ao que fazemos, é a única mídia que acompanhamos fazendo outra atividade. Ele consegue se ligar afetivamente de uma maneira que nenhuma outra mídia é capaz. É a única que comunica tanto com uma criança de três anos como com um idoso não alfabetizado”, destacou.
Metaverso e realidade aumentada: quando o cinema encontra a educação
O quarto e último dia do Congresso de Tecnologia e Negócios de Mídia e Entretenimento da SET Expo contou com um painel voltado a novas tecnologias tais como o metaverso e as realidades virtual e aumentada. O Web3 também entrou em pauta por seu potencial de impulsioná-las, já que objetiva uma internet diferente – mais personalizada e descentralizada.
Como destacou Wagner Kojo, conselheiro da SET, essas tecnologias estão em seu princípio e, por isso, têm uma enorme margem de aperfeiçoamento à medida que a base de usuários e de desenvolvedores aumenta. Mesmo assim, alguns recursos já chamam a atenção.
Consultor de soluções da Adobe, Paulinho Franqueira, por exemplo, exibiu no palco uma animação 3D de um dinossauro, em realidade aumentada, designada a reagir sempre que o celular se aproximava. “Enxergar um dinossauro em movimento – a partir de um celular ou de um óculos VR – é muito mais intuitivo para uma criança do que um livro ilustrativo”, disse. “O futuro está na imersão e passa, primeiro, pela realidade aumentada”.
Igor Sales, gerente de inovação de conteúdo na +A Educação, citou mais um caso. “Construímos, na realidade virtual, um ambulatório que simula uma série de atendimentos clínicos. Isso é um ótimo exemplo de como a tecnologia pode auxiliar na educação, pois, na vida real, há enormes desafios para construir uma estrutura como essa”, afirmou. “Uma coisa, claro, não substitui a outra, mas é complementar e nos ajuda a ir além”.
Para o consultor Paulo Cesar do Nascimento, o metaverso, bem como as realidades virtuais e aumentada, abrem espaço para novos players no campo da educação – como símbolo, sugeriu um encontro entre Hollywood e Harvard. “O cinema se tornou muito mais acessível e, por ser uma arte de construção de histórias e narrativas, pode jogar a favor do ensino”.
Debate reúne executivos do mercado para apontar tendências para o streaming
A indústria de streaming segue passando por transformações e buscando convergências para a produção e distribuição de conteúdos. Segundo José Schulz, gerente de desenvolvimento e parcerias técnicas da Globoplay, muitos dogmas estão caindo neste mercado e muitas previsões feitas no calor da inovação já se dissiparam. Ele cita como exemplos a entrada de publicidade na Netflix, que muitos achavam que nunca aconteceria, e o equívoco em achar que a TV linear iria acabar.
Essas foram as observações de Schulz ao abrir o debate sobre os desafios e rumos do streaming. Para compartilhar outras visões, o encontro teve a participação de Eduardo Quintes, gerente marketing do Flamengo, Roberta Luzio, gerente de produto da Globoplay, Phillipe Carrasco, Lead of Film, TV and Primetime Partnerships do Youtube, e Nikolas Corbacho, gerente de produtos da Semp TCL.
A simples presença de um executivo de marketing de um time de futebol já foi um indicativo da diversidade e da capacidade de atração do mercado de streaming. Quintes explicou que com o serviço do time é possível produzir e distribuir conteúdos exclusivos, sobre os quais eles têm total controle, como bastidores, acesso a vestiários e treinos.
Como modelo, o serviço adota duas opções para consumo de seu conteúdo, com assinatura recorrente e conteúdo aberto, por meio de parcerias com Youtube e Globoplay. “Queremos crescer para sermos um player relevante no mercado, criando conteúdo dentro do nosso core, que é o futebol. Para isso, precisamos de parcerias fortes para a distribuição”, afirmou. O executivo acrescentou ainda que muitos patrocinadores estão com o time por causa do canal: “Nosso público é diverso, engloba todas as classes sociais e todas as regiões do país”. Importante player nesse mercado e com um dos acervos mais ricos em conteúdos proprietários, a Globoplay tem investido em parcerias para também distribuir outros conteúdos, além de diversificar formatos, abrangendo podcasts, jogos e conteúdo linear e ao vivo.
Com tanta diversidade, Roberta Luzio disse que parte do desafio é manter a clareza do que é a Globoplay para o público, quais são as diversas formas de consumir o conteúdo e garantir uma boa experiência ao usuário, o que exige uma grande infraestrutura. O serviço é um case quando se trata de integração entre TV aberta e streaming. “Muitas vezes, temos milhares de pessoas migrando da TV aberta para a Globoplay no mesmo minuto”, contou a executiva para ilustrar o tamanho do desafio.
Com quase 60 serviços de streaming operando no Brasil, Luzio destaca a importância de parcerias para a distribuição de conteúdos entre plataformas. “O brasileiro não tem condições de pagar por todos esses serviços, por isso é fundamental desenvolver formatos de parcerias. Seguimos buscando meios de dar mais autonomia aos parceiros que disponibilizam seu conteúdo dentro da plataforma, mas ainda estamos avançando nos modelos de parceria”.
Phillipe Carrasco apresentou a visão do Youtube por meio de quatro pilares que a gigante de vídeos quer fortalecer nos próximos anos: AVOD (Advertising Video On Demand), o formato de Shorts em vídeos verticais com monetização, podcasts e videocasts e, por fim, o Prime Time, que visa atender a distribuição de conteúdos de media companies.
Na perspectiva de fabricantes de aparelhos de TV e desenvolvimento de hardware, Nikolas Corbacho falou sobre a discussão do momento: “Hoje na indústria a busca é por uma tecnologia que traga para o usuário de TV uma experiência mais próxima possível da que ele tem no smartphone”. Nesse cenário, tecnologias como comando de voz vêm ganhando atenção.
Sobre a entrada de marcas de TV como LG e Samsung no segmento de serviço de streaming e FAST TV, o executivo diz que a empresa não se vê como criadora de conteúdo e que o foco é fornecer hardware e sistemas eficientes. Na sua visão, marcas que estão entrando no streaming fazem isso buscando fidelizar o consumidor, mas ele acredita que essa fidelidade pode vir mais de uma experiência positiva de interface do que de conteúdo proprietário.
Inserção do rádio do mundo digital agrega novas perspectivas
Marco Túlio Nascimento, conselheiro da SET e diretor da ZYDigital, moderou um painel para discutir como as rádios estão se integrando com a internet nesta quinta (10). Novas possibilidades, a dissolução da fronteira entre rádio e TV e as alternativas de monetização foram os temas destacados no Congresso de Tecnologia e Negócios de Mídia e Entretenimento do SET Expo.
Rhadam Miranda, gerente de engenharia e operações de rádios no Grupo RBS, mostrou o conteúdo produzido pela emissora e destacou as possibilidades de explorar conteúdos de rádio de diferentes formas. “A gente consegue ter entregas boas com equipamentos nem tão completos. É possível viabilizar muita coisa com materiais relativamente baratos, que quebram uma barreira de entrada”, avaliou.
Jean Pierre Zanetti Vandresen, gerente técnico no Grupo Bandeirantes de Comunicação, mostrou dados de audiência da rádio. “Temos programas da TV aberta que são sucesso também no rádio e TV fechada. O vídeo no rádio faz com que as pessoas consigam se olhar, agregando na produção de conteúdo”, declarou.
Rodrigo Tigre, Head de Áudio da Adsmovil, apontou formas de complementar a monetização em diversas plataformas além do YouTube. “Música é a principal atividade de entretenimento na internet brasileira, mais da metade dos ouvintes com até 34 anos ouve todo dia. Apesar do grande consumo, o áudio digital ainda é pouco explorado, se tornando uma grande oportunidade para as marcas no Brasil”, comentou.
Web3 pode favorecer personalização e monetização de mídias
Em seu último dia, o Congresso de Tecnologia e Negócios de Mídia e Entretenimento da SET EXPO se abriu a tecnologias disruptivas, como a Web3, e como elas estão impactando o mercado de mídia.
Segundo Robson Harada, CMO do Mercado Bitcoin, há uma revolução em curso. “Se com a Web1 você consumia conteúdo e com a Web2 você passou também a produzi-lo, na Web3 você entra no mercado web, descentralizado, e passa a gerar e extrair valor por meio do blockchain e da tokenização”. Como exemplo, mencionou uma rede social em que você define que anúncios quer ver e recebe por assisti-los.
Para Gabriel Villa, business designer da Claro, o futuro das empresas lembra um pouco o passado. Isso porque, graças às novas tecnologias de análise de dados, você conseguirá atender o cliente de forma personalizada, como se fosse de um para um. “O dado não é o novo petróleo, pois você precisa saber como aproveitá-lo ou não terá utilidade”, disse. Hamilton Frausto, head de estratégia da IBM, foi na mesma direção, enfatizando que é preciso ter um profundo conhecimento do comportamento do consumidor. “O lucro só chega quando resolvemos seu problema”, disse.
Ao falar dos conceitos da Web3, como o poder descentralizado e a influência da comunidade, o COO do Grupo Sportheca, Gustavo Verginelli, disse que eles já fazem parte do seu meio, de interação com o fã de futebol. “O clube não tem um só dono, ele de certa forma pertence aos torcedores”, afirmou. “E o engajamento nem sempre nasce da paixão, mas do sentimento de pertencimento. Por isso, existe também em muitos esportes olímpicos – as pessoas não necessariamente torcem por um atleta, mas se envolvem por praticar aquela modalidade”.
Por fim, Denis Garcia, Publicidade, do Grupo Meio e Mensagem, abordou estratégias e desafios para entregar soluções personalizadas tanto para os usuários quanto para os clientes.
Mercado brasileiro para box TV Educar o público está entre os desafios do atual cenário do streaming
Embora estejamos vivendo a era do streaming e das TVs conectadas, o público em geral ainda precisa ser educado sobre as diferentes plataformas e tecnologias para consumo de conteúdo online. Esta é a percepção dos participantes do painel que reuniu executivos do setor de streaming para discutirem o cenário atual.
No papel de moderador, Salustiano Fagundes, CEO and Co-Founder da HXD Smart Solutions, fez uma apresentação sobre a perspectiva da evolução do mercado e números relevantes sobre o atual momento. Segundo ele, pesquisas indicam que 55% das pessoas dizem assistir mais TV por causa do streaming, 45% afirmam que o streaming mudou a forma como consomem conteúdo na TV e 73% consideram maior a chance de encontrar algo interessante sob demanda do que no modelo de broadcast.
Na visão de Fagundes, o streaming traz a ideia de que o entretenimento está em todo lugar e isso muda a forma de produzir, empacotar e distribuir conteúdo, e isso traz desafios. “Ainda estamos tentando educar o usuário sobre a TV por streaming. Além disso, para um público ainda com visão de TV por assinatura, via cabo ou satélite, é difícil entender a diferença de uma transmissão via IP. Ainda é um negócio novo e é preciso explicar o que é isso”, explicou André Nava, diretor de negócios TV/Streaming da Claro tv+.
A atuação em forma de parceria é outro ponto fundamental para os próximos passos da evolução do OTT. Para Teresa Penna, diretora da Globoplay, é importante que as plataformas de streaming tenham sua própria distribuição, até para conhecer seu público a partir de informações que só se consegue dentro de casa. As parcerias, porém, são importantes para ampliar o alcance desse conteúdo. “Você pode até perder um pouco de margem, mas ganha em escala e qualidade de entrega”, afirmou Penna.
A executiva citou o exemplo da Globoplay, que atua com conteúdo próprio e com a distribuição de conteúdo de parceiros. Segundo ela, o foco da plataforma é ser um hub de entretenimento, por isso distribui conteúdos de outras plataformas e de outros formatos, como podcasts e música. “Quanto mais parcerias a gente traz, mais se fideliza o usuário se fideliza e isso se traduz em redução do número de pessoas que cancelam o serviço, o chamado churn.”
Luís Bianchi, Marketing Director, LATAM na Roku Inc., acredita que no futuro todo conteúdo e toda publicidade serão por streaming. E o potencial no Brasil para isso é ainda muito grande. A projeção de Bianchi para o mercado interno de box TV é de 30 milhões, considerando o parque de TVs com mais de três anos de uso que não suporta novas tecnologias de streaming.
Proximidade com a população e redução do deserto de notícias: o jornalismo independente no Brasil
O jornalismo independente é fonte de utilidade pública para atender demandas orientativas e educacionais em caráter local. Para falar sobre a importância da comunicação que se aproxima da população mesmo sem ter um veículo de difusão, Juliana Paiva, diretora da Radiodata, moderou um painel nesta quinta (10), no Congresso de Tecnologia e Negócios de Mídia e Entretenimento do SET Expo.
“Fazemos um jornalismo extremamente sério, com um conteúdo livre e gratuito através de mais de 2.000 afiliadas e mais de 30 matérias por dia”, disse Rita Helena Faustino, gestora de relacionamento na Agência Radioweb. Alexandra Fiori, coordenadora da mesma agência, completou as informações de Faustino e destacou o contexto do rádio nos dias atuais. “Ainda vemos um deserto de notícias em 48,7% das cidades do Brasil, que não possuem nenhuma produção jornalística”, emendou.
“Estamos na rua e isso dá bastante trabalho. Temos voz com a população que mora nos bairros ou nas cidades que atendemos e conseguimos divulgar muitas coisas que são oferecidas, mas que a população muitas vezes, não sabe”, falou Gabrielle Tricanico, diretora da A Guardiã da Notícia.
Carlos Aros, diretor de conteúdo da Rede Jovem Pan News, explorou as possibilidades digitais que fazem a emissora alcançar 10,2 milhões de pessoas no Brasil. “Muitas pessoas nos consumiam pelas plataformas digitais e nem faziam ideia de que éramos uma rádio. Isso é um motivo de orgulho, estamos rompendo barreiras”, finalizou.
Chave para acelerar a inovação passa por vencer resistências e capacitar pessoas
A inovação exerce um papel fundamental para a indústria de mídia. O tema foi foco de um painel mediado por Hugo Nascimento, CTO da AD Digital e Coordenador do Grupo de Trabalho Indústria 4.0 da SET. Em sua apresentação sobre cultura e processos para estimular a inovação, Daniel Monteiro, Head de Desenvolvimento de Produto & Tecnologia da Globoplay, afirmou que o desafio de quem fala de inovação é colocar a ideia em prática. “Muita inovação disruptiva acaba por não gerar valor algum. Inovação não é ideia. Inovação é transformar uma ideia em algo prático que resolva um problema.”
Para isso acontecer, é preciso superar culturas que têm resistência a riscos e novidades. “Nas empresas, muitas vezes, existem áreas que se sentem ameaçadas por novas ideias e tendem a matar essas ideias logo no início, colocando muitos obstáculos.” Superar isso, explicou Monteiro, passa por entender os processos e as habilidades que geram inovações verdadeiras. Isso exige equilibrar riscos, vencer resistências e estimular de verdade o que é inovador. Também é preciso identificar perfis de pessoas para alocá-las nos lugares certos dentro dos processos de inovação. “Tem quem goste de explorar, quem prefira desenvolver e fazer escalar, e quem se sente melhor otimizando e aprimorando soluções. Entender isso e colocar as pessoas nos lugares onde podem contribuir mais é muito importante”, finalizou Monteiro.
Juliana Paiva, Líder de Parcerias Estratégicas do Google, reforçou que para inovar é preciso mudar a perspectiva: “É preciso pensar não como fazer, mas o que se quer fazer. É preciso se desafiar e testar novas ideias. Para isso, a colaboração dos agentes dos ecossistemas de mídia digital é fundamental.”
Maria Augusta Orofino, CEO da Mabiz, abordou a perspectiva de pessoas, porém trazendo um desafio gigante para o país e as empresas inovarem mais. “Na inovação, tecnologia é importante, mas precisamos de pessoas capacitadas para fazer isso acontecer”. O cenário nacional trazido pela executiva mostra o tamanho do problema. Por ano, são criadas no mercado cerca de 800 mil vagas para desenvolvedor, mas apenas 53 mil profissionais são formados por ano, sendo que, desse total, só 17% estão realmente preparados para o mercado.
As causas desse déficit são muitas, entre elas a falta de acesso a recursos tecnológicos básicos por parte da população, a falta de investimento na educação pública, os abismos sociais e econômicos do país, a formação inadequada de professores e a falta de estímulo à pesquisa. Na visão de Orofino, fala-se muito de tecnologia e inovação, mas é preciso lembrar que são as pessoas que impulsionam essas tecnologias e inovações. “Todas as pessoas são inovadoras, desde que sejam capacitadas e motivadas para isso”, afirma.
Uso da inteligência artificial na comunicação: mais facilidades e novos problemas
O painel acadêmico SET/TV Unesp, parte do Congresso de Tecnologia e Negócios de Mídia e Entretenimento da SET EXPO, realizado nesta quinta (10), teve como tema a Inteligência Artificial (IA). Durante o debate, pesquisas conduzidas tanto no campo teórico quanto prático foram apresentadas.
Ana Silvia Lopes Davi Médola, do Departamento de Comunicação Social da Unesp, traçou um panorama de casos estudados pelos alunos de pós-graduação da universidade. Dos mais interessantes, como a seleção automática de estatísticas e dos principais lances de partidas Wimbledon, em 2017, feita pela IA da IBM, aos mais problemáticos, com as deep fakes. “Como decifrar aquilo que não é, mas parece?”, questionou. Kellyanne Alves, da UFPB, também chamou a atenção para a desinformação que a IA, se mal utilizada, pode gerar.
Já Fernando Moreira, consultor e ex-presidente da Associação Brasileira de Televisão Universitária, se voltou às facilidades que a IA pode propiciar, do Chat GPT, para o resumo de textos, a ferramentas de fotos e áudio – por meio de uma, reinseriu uma imagem de si mesmo em um auditório tecnológico; a partir de outra, retirou os ruídos de uma entrevista. “O IA é um excelente estagiário”, brincou. “Ou seja, você deve provê-lo com instruções corretas e revisar o trabalho final”.
Por fim, o também professor da Unesp, Francisco Machado Filho, mostrou como o projeto de modificação radical do canal de YouTube da universidade surtiu resultados. Entre as modificações implementadas, exploraram títulos, legendas e thumbnails mais chamativos e tiraram vantagem dos Shorts, a resposta da plataforma para o TikTok. “Só por meio dos Shorts, dobramos nossos views em apenas quatro meses”, relatou. Segundo ele, o próximo passo é integrar a IA no processo de gerenciamento e crescimento do canal.
Regulação do rádio: como preservar o modelo de serviço
José Mauro de Ávila, diretor técnico do Mega Sistema de Comunicação em Ribeirão Preto/SP, moderou, ao lado de Valderez de Almeida Donzelli, diretora Técnica da ADTHEC e conselheira da SET, o debate sobre a necessidade de aprimorar a preservação espectral, considerando a escassez mesmo após a adoção da faixa estendida em regiões metropolitanas nesta quinta (10).
Antonio Malva Neto, diretor do departamento de radiodifusão privada da MCom, contou sobre a necessidade de fazer novas licitações. “Há espaço no espectro para isso. Estamos analisando as possibilidades mês a mês, com a expectativa de chegar ao fim do ano sem fila”, ponderou.
Paulo Eduardo dos Reis Cardoso, coordenador de sistemas e modelos de gestão da Radiodifusão da Anatel analisou questões que afetam o diagrama de antena. “Coordenada geográfica, o bem tilt, o azimute do zero, as perdas em conectores são itens que estão bem definidos no normativo”, destacou.
Servidores da Anatel explicam fluxo para solicitações de radiodifusão
Para esclarecer dúvidas e facilitar o entendimento dos diversos processos envolvidos nas solicitações de radiodifusão, o Congresso do SET EXPO 2023 apresentou um painel no qual servidores da Anatel explicaram todos os passos dos fluxos dentro do Mosaico, plataforma da agência destinada a esses procedimentos.
Moderado por Geraldo Cardoso de Melo, Representante da Regional Sudeste da SET, o painel teve a participação de Paulo Eduardo dos Reis Cardoso, Coordenador de Sistemas e Modelos de Gestão da Radiodifusão da Anatel, e Luis Renato Giffoni, Coordenador de Processos de Administração da Planos Básicos de Radiodifusão da Anatel.
Cardoso mostrou o volume de solicitações nos últimos anos e como a agência vem conseguindo atender a essa demanda. Ele destacou a importância de ter uma ferramenta bem estruturada para reduzir gargalos. “Sem ferramentas e fluxos bem estabelecidos, a gente teria só fila, mas hoje não temos mais”, afirma.
Para apresentar parte das diversas trilhas possíveis para cada necessidade no processo de solicitação, Giffoni desdobrou em sua apresentação as etapas e as ações que devem ser realizadas em cada uma delas. O painel foi importante para tirar muitas dúvidas, com uma grande participação do público, que aproveitou a presença dos servidores para obter orientação adequada para casos específicos.
Último dia de SET Arena de Conteúdo teve sorteio com astronauta e tudo sobre o SET Expo 2024
Abrindo a programação no último dia da SET Arena de Conteúdo, Leo Carbonell, head de negócios da SET, fez uma palestra sobre oportunidades de negócios no SET Expo 2024, que estará repleto de novidades. Para começar, após 10 anos no Expo Center Norte, o SET Expo está de mudança marcada para o centro de exposições mais tradicional e mais moderno do país, o Distrito Anhembi. O congresso e a feira de produtos e serviços vai se instalar no novíssimo Centro de Convenções do complexo, um grande espaço para a feira de negócios, quatro salas para congresso e um total de 12 mil metros quadrados de área útil – cerca de 30% maior do que o espaço atual. O SET Expo comemora este ano o incremento de 20% de expositores e 30% de marcas com relação a 2022, o que deve aumentar ainda mais em 2024.
Em um dos cantos da feira de negócios, será instalada a Innovation Zone, onde ficará a Arena SET de Conteúdo Experience 2024. O Anhembi ainda traz as vantagens de ficar ainda mais próximo dos aeroportos, rodoviárias e estações do Metrô que já atendem ao SET Expo, e de contar com hotel integrado ao centro de convenções, o que será de grande serventia aos 20% os visitantes que vêm de fora de São Paulo. Carbonell ainda destacou os demais produtos da SET. Embora o SET Expo seja o carro-chefe, o SET:30, que acontece durante o NAB Show, em Las Vegas, e o SET no IBC Show, em Amsterdã, a revista da SET, bimestral, o podcast SETCast e todas as edições SET Regionais (Sudeste, Sul, Centro-Oeste, Nordeste e Norte), que conectam as principais marcas aos diversos mercados locais, também se revelam excelentes oportunidades de negócio. O SET Expo 2024 acontece de 19 a 22 de agosto.
O NAB Show em Las Vegas voltou a ser assunto na palestra das 14h, com Fabio Angelini, diretor comercial do Grupo Pinnacle, empresa distribuidora das principais marcas do audiovisual no Brasil e na América Latina, como a carro-chefe Blackmagic Design, Hollyland, E-IMAGE, Kiloview, AIDA, Yololiv, Marshall, SKB e Media 5, além do hub de serviços audiovisuais Abracadabraz. Este foi o escolhido pela NBA para fazer a transmissão das finais da temporada 2022 através do canal oficial da NBA Brasil no YouTube.
Angelini também destacou os produtos mais inovadores do portfólio da companhia, como a câmera portátil Blackmagic Pocket 4K ou 6K, do tamanho de um celular, ou o switcher ATEM Mini, do tamanho de um tablet, com cinco entradas e uma saída HDMI, uma entrada para cabo de conexão com a internet e duas para microfones. Sucesso durante a pandemia, o produto é suficiente para se produzir, editar e transmitir vídeos, de maneira autônoma e barata, nas três vertentes do audiovisual – broadcast, streaming e cinema –, com qualidade profissional. Por fim, o Grupo Pinnacle causou frisson na feira do SET Expo, quando realizou um sorteio de três kits exclusivos com camiseta, boné e cabos exclusivos, além de uma câmera Pocket 4K. Os prêmios foram entregues por uma modelo vestida de astronauta.
Nos horários das 15h e das 16h, o tema mudou para gestão empresarial, com Paula Cesar, mentora para empresários e profissionais, consultora de gestão empresarial e recursos humanos, além de empresária do varejo na alimentação. Como ela disse, “para uma empresa ter futuro, é preciso ter presente”, de modo que o passo a passo do empreendedor de sucesso começa já na concepção da empresa (definição de missão, visão, valores e objetivos), passando por conhecimento (análise), formulação (definição de metas), implantação (desenvolvimento e execução) e avaliação (balanço e acompanhamento).
Conforme demonstrado por gráficos, o desenho organizacional do sucesso passa por três etapas: conquistar, desenvolver e construir. Disciplina e organização são fundamentais, como reforçou o jovem empreendedor Lucas Polachini, franqueado das redes Habib’s e Ragazzo, fundador da Calu Incorporadora e da padaria Pão.com, que foi recebido por Paula às 16h e expôs a cultura e revelou as metas dos seus negócios de sucesso. Às 17h, encerrando a programação da SET Arena de conteúdo, Marcelo Godói, do time de vendas, fez mais uma palestra sobre as oportunidades de negócio do SET Expo 2024.
SOBRE a SET, organizadora do evento
Centro de excelência de atualização, representação e difusão de conhecimento de profissionais e empresas do setor, a SET – Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão – é uma associação que atua como HUB de tecnologia, debates e negócios de toda a comunidade que compõe e mantém contato com o mercado, atual e futuro, de broadcast, mídia e entretenimento.
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