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Tecnologia pode impulsionar vida social fora do mundo digital; conheça o Animaí

Mudanças, novos interesses ou apenas o desejo de ampliar o círculo de amigos ou conhecer melhor a própria cidade… muitos fatores podem contribuir para que as pessoas busquem novas relações e experiências. “A vida adulta nos grandes centros urbanos é muito corrida, vários dos meus pacientes relatam desencontro de agenda com os amigos, divergência de interesses ou apenas estão em momentos diferentes da vida, apesar de terem fortes laços afetivos”, explica a psicanalista Rita Martins, que no início deste ano lançou, em parceria com o publicitário Lucas Maia, o Animaí, um aplicativo para conectar pessoas com interesses em comum e que estão em busca de companhias para eventos culturais e de lazer. 

Depois de um período tão longo de relações estritamente virtuais, o app propõe um uso mais humanizado da tecnologia: a plataforma quer estimular a criação de novos laços afetivos e a interação social para além do mundo virtual. “O Animaí quer conectar pessoas com interesses em comum e minimizar o isolamento involuntário que acaba acontecendo na correria do dia a dia e que se acentuou nos últimos dois anos por conta da pandemia. Ele é uma ferramenta, um meio para que as pessoas possam estabelecer novos vínculos e ter novas experiências”, explica a psicanalista.

Um dos usuários do Animaí, o advogado Vinícius França, 33 anos, acredita que o aplicativo  propõe um uso mais “saudável” da tecnologia, já que diferente de outras redes sociais, o aplicativo não estimula um uso intensivo durante horas. “O mais legal do app é que ele não é um fim em si mesmo, ele acaba sendo um instrumento para facilitar a socialização com os amigos, um canal para conhecer novas pessoas e os eventos que acontecem pela cidade. No final das contas, ele te ajuda a interagir com o mundo real ao invés de ficar horas e horas olhando uma timeline”, conta Vinícius, que é morador do Grajaú, na zona norte do Rio de Janeiro.

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Vinícius e outros usuários do Animaí depois da sessão do filme “Batman” no Shopping Rio Sul

Ele conta que resolveu baixar o aplicativo não só para conhecer pessoas novas, mas para facilitar o encontro com pessoas do seu círculo social. “Acabei usando o app para marcar uma ida ao cinema com um amigo, que também havia baixado o aplicativo. Combinamos em qual cinema e sessão iríamos e acertamos os detalhes do encontro pelo chat Animaí. Foi muito mais fácil, o aplicativo é muito intuitivo e ainda conheci outras pessoas que se interessaram em assistir o filme com a gente”, contou o advogado, que assistiu o último lançamento da franquia “Batman” que estreou recentemente nos cinemas. O chat do app fica disponível apenas quando três pessoas se interessam pelo evento e como o aplicativo não é direcionado para paqueras, os perfis não precisam de fotos e não há especificação de idade, por exemplo.

O uso da tecnologia como mola propulsora de interações sociais no mundo “real” é também um movimento contra o mero acúmulo de contatos, característicos das redes sociais. Apesar do mundo digital permitir listas imensas de contatos, essa grande rede de sociabilidade virtual costuma não gerar impactos significativos na vida prática quando o assunto é lazer e relações de amizade. Um estudo realizado na Universidade de Oxford indica uma capacidade limitada para interações sociais, considerando o tamanho do nosso cérebro e o tempo que temos disponível. Segundo a pesquisa, as pessoas têm a capacidade de se relacionar em média com 150 amigos, incluindo membros da família. A universidade inglesa também já divulgou uma pesquisa que mostra os benefícios para a saúde de sair pelo menos duas vezes por semana. Momentos de lazer e socialização podem trazer benefícios para saúde física e emocional e possibilita uma rotina mais dinâmica e saudável. “As relações sociais ajudam as pessoas a saírem do automático e isso promove não só um relaxamento, como estimula as funções cognitivas. Os encontros esporádicos ou a ausência deles, pode levar a um processo de embotamento e, consequentemente, a um comprometimento psíquico e emocional”, afirma a psicanalista e idealizadora do Animaí.

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