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Um peixe fora d´água e a Nova Volkswagen

Já vai fazer dois anos que comecei a cobrir mais de perto a Volkswagen, empresa alemã que tem sede na região do Vale do Paraíba donde este blogueiro vos fala. A primeira vez que estivemos juntos foi no último Salão do Automóvel e desde então eu já pude testar dois carros da empresa, ver o lançamento animal do Novo Polo numa festa inacreditável e ir numa aula incrível sobre segurança e design de carros. Foi nesse dia que eu conheci, por exemplo, o trabalho do Marco Antonio Pavone, chefe de Design Exterior da Volkswagen. Ele consegue desenhar os carros da empresa a mão e com um lápis e é a coisa mais linda de se ver. Também aprendi mais sobre critérios de segurança e detalhezinhos que no final das contas me ajudam demais quando eu vou falar de um carro da marca.

Ahh eles me deixaram entrar num carro protótipo futurista e eu na minha vida adulta poucas vezes me senti tão criança lá. Como não amar esse tipo de experiência?

Mas eu sei que sou algo muito novo no meio deles, aliás eu tenho a absoluta certeza disso. Cabelo azul e com uma vibe toda descolada/nerd eu fatalmente sou destoante dos demais colegas que cobrem o setor. Mas não é só isso: muitos são experientes jornalistas do setor automotivo e que cobrem há décadas esse nicho. Tem uns feras ali que dá gosto de ver.
Já eu da área de tecnologia, fujo dos detalhes de torque, potência e consumo e corro atrás das informações de tecnologia e conectividade. E é por isso e nesse foco que tenho um olhar diferente da marca e talvez por isso eles tenham dado uma entrada para mim: “olha deixa o cara de tecnologia entrar aí nos eventos e vamos ver o que dá”. E é claro que o fato de eu ser da região onde eles tem uma fábrica ajuda bastante. Mas acredite: não é regra as empresas fazerem sua lição de casa e se relacionarem com os stakeholders vizinhos.

Pra mim a empresa sempre foi bem séria e sisuda.

Mesmo com os alemães garotos-propaganda engraçadões dos comerciais da companhia eu sempre achei a empresa muuuuito séria. Executivos de terno e gravata, sempre um protocolo em tudo e um monte de regrinhas o tempo todo.
Além disso, se você é um creator iniciante seja de qualquer segmento não espere que os outros vão te receber com um tapete vermelho. Todo mundo costuma ser bem fechado no começo e leva um tempo até você se enturmar, até te conhecerem. Até então você sempre meio que é tratado como um estranho no ninho. E tem panela sim e tem trade que é dificílimo de trabalhar por conta disso, é o caso do segmento de games, por exemplo.
Aqui na região não posso reclamar, a maioria da imprensa local me trata muito bem (alguns são até ex alunos, outros colegas de longa data) e no final das contas é um microcosmo que todo munto se conhece, mesmo que exista uma ou outra torcida de nariz pro blogueiro que para alguns não-é-veículo-de-comunicação.
Mas no meio dos automotivos talvez eu nunca consiga isso, então é sempre uma barra caçar uns espaços aqui e ali.
E eu me dei conta disso num  evento que participei hoje em Taubaté. O CEO da empresa no Brasil explicou que estão no momento de buscar uma Nova Volkswagen, mais moderna (talvez mais digital) e quem sabe mais descolada. Ele subiu ao palco hoje sem gravata – esses detalhes são mais simbólicos que o leitor imagina, já já todo primeiro escalão e o C-Level vai junto.
E quem sabe eu não esteja aí nesse contexto todo e por isso que eles sempre me deixam participar um pouquinho da festa. Até porque eu me vejo muito mais nessa nova sem gravata. 

E por que to escrevendo tudo isso?

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Porque no evento que falei acima eu praticamente não consegui trabalhar. Não fiz nenhuma entrevista – sou do tempo que o jornalista não volta pra redação sem uma entrevista, pelo menos voltei com essa história – e confesso que fiquei meio perdidão lá. Só fui ver que tinha uma sala de imprensa na hora que eu tava indo embora, por exemplo. Sério eu tava muito deslocado.
Mas talvez isso seja o mais bacana dessa relação com a empresa. Eu estranho um pouquinho umas coisas, eles estranham em mim outras e aí parece que a gente vai aprendendo junto.
E olha não posso reclamar: toda vez que estamos juntos eles me tratam com muito respeito e cuidam da minha experiência de ponta-a-ponta.
E este cabelo azul e o jeito descolado como um contraponto da cobertura mais séria da pauta de negócios e tecnologia sempre dá muito o que falar em várias vezes, qualquer dia conto mais histórias.

Saí do evento um pouco frustrado sim, sem minhas entrevistas, mas cheguei aqui no Geek Office cheio de vontade de desbravar novos mundos ao leitor. As vezes não é tão rápido quanto eu gostaria, as vezes não é tão fácil, mas quem me conhece bem de pertinho sabe que eu sou 100% da filosofia da Dory de “Procurando Nemo”: eu continuo nadando.
Aproveito para agradecer à toda equipe de comunicação corporativa da VW em especial ao Celso que é a pessoa mais paciente e calma do mundo e que vira e mexe eu dou um trabalhinho. Muito obrigado.

 
 

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