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Blogs, brindes e jabás: dá pra ter um bom senso?

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Claro que dá, mas muita gente finge que não dá. Há problemas para todos os lados e muitos deles culminam nos excessos que tem acontecido como o credenciamento separado em eventos de negócios e um constante preconceito com quem cria conteúdo para internet.
É preconceito sim, só que muita gente não fala e não entende o básico: mudou galera. Mudaram as relações, mudaram as demandas de comunicação. Mudou!
Eu vejo ainda muita gente falando que RIP Jornalismo, que blogueiros (e instagramers e youtubers) são todos uns vendidos como se o jabá fosse algo dos tempos modernos.

Há sim problema também dos criadores. Há relatos de muitos que criam canais só com a finalidade de ganhar brindes, outros que se jogam a cada migalha jogada pelas marcas. E que não entendem a intenção por trás de tudo isso. Mas volto a dizer: a regra mudou. Se a empresa não sabe separar o joio do trigo ela já fazendo errado. Vai estudar, vai fazer o curso do Youpix . Não é a mesma coisa, não tente colocar tudo como era antes do jeito que era antes.
Mas o que é agora Armindo? Agora há uma linha mais tênue entre o conteúdo e o jabá e criadores vivem bem entre brindes e trabalhos pagos e principalmente mantendo sua opinião e independência. Dá pra se relacionar com as marcas sem se vender. Não é todo mundo que sabe fazer, mas dá.
Ou o leitor acha que a minha credibilidade de 18 anos de carreira é comprável com um pote de balas. Já vou dar um spoiler, não é. Mas isso não quer dizer que eu não possa gostar da bala ou receber ela de boas.
Ah Armindo mas tem gente que não pensa assim. Pois é mas não é você que vai julgar mas o público daquele criador. Já é um clássico os influenciadores digitais que perdem seus fãs porque aquele criador ficou “jabazento” demais. Cada público tolera até um limite a relação propaganda x conteúdo e uma hora essa barragem vaza. O criador de conteúdo que erra mão vai sentir o peso do seu fã indo embora. É esse público que vai regular isso, não sobre sua opinião sobre isso, seja você um criador ou um assessor ou empresário.
Mas enfim dá para melhorar as relações? Sempre dá, um chá quentinho e muito bom senso e tudo fica certo. Então vamos lá com umas dicas para você sofrer menos com toda essa história.

Se você é jornalista, assessor, RP, publicitário ou “do marketing”

  • Já falei lá em cima mas o mundo mudou, as redações estão ficando menores e os criadores de conteúdo e influenciadores profissionais tem uma relação melhor estabelecida com isso. E é bem diferente do que era antes. Eu já trabalhei em redações clássicas e sei como é isso. Abrace a mudança, as coisas mudam e de fato o jornalismo não é mais o mesmo.
  • Se a empresa quer distribuir a rodo um brinde tem um porque. Porque ela quer earned media e sair de graça onde antes ela teria que pagar. A marca não tá fazendo caridade. Não há ingenuidade no mundo das grandes empresas.
  • Se você deu um presente para alguém ele/ela não é obrigado a falar bem, gostar ou citar o presente. Faz se quiser já que não está sendo pago. E é bem provável que o seu presente não mude a opinião de ninguém. E mesmo que mude os leitores – que são os juízes finais – vão sacar. A relação é mais complexa.
  • O maior patrimônio de um criador de conteúdo para a internet é sua base de fãs, ele sempre vai pesar a balança para isso.
  • O criador foi até você pediu brindes e não deu a contrapartida esperada? Reavalie seu relacionamento com ele ué, mas tenho uma dica mais importante para te dar. Busque se relacionar de verdade com alguns. Escolha os que tem uma voz e valores parecidos com a sua marca e deixe por perto. Fale da empresa, dê ferramentas, proporcione experiências. Essa dobradinha vai te dar muito retorno.

Se você é criador de conteúdo / Influenciador digital

  • Você sair por aí pedindo brinde é muito feio, sério. Se for fazer, faça de forma estratégica, cuida da sua imagem pessoal.
  • Se você só vive de brinde nenhuma empresa vai pagar você. O que é legal? Ganhar presente ou ter dinheiro para você comprar o que quiser?
  • Se você só ficar falando de coisas de empresas os seus seguidores vão se irritar e vão embora. Tome cuidado com isso.
  • Lembre que a escassez gera oportunidade. Se você é muito “fácil” para as marcas elas não vão te valorizar. Nem te pagar. Ninguém paga por algo que tem de graça. Lógico ahn?!
  • A marca espera uma contrapartida sempre que te dá algo. Quanto mais você entende a regra do jogo, mais você se vira bem no tabuleiro. Senão você só vai sendo usado.

E eu Armindo como lido com isso?

Eu faço sempre o que o meu bom senso diz para eu fazer. Não sou menos jornalista por aceitar algo de uma empresa e nem sou superior a nenhum deles. Eu vivo num segmento diferente com regras diferentes e com os meus valores e princípios.

  • Se eu gostei, amei, fiquei impressionado com o presente eu falo mesmo. Tem marcas que me conhecem e fazem de tudo para me surpreender. Eu sempre coloco no texto quando ganhei o produto da marca e acho muito mais honesto do que certos veículos que também ganham as coisas e fazem permutas e não contam para o leitor.
  • A mesmo coisa com viagens ou experiências: sempre estará no meu texto que eu fui convidado. E aí o meu leitor tem o discernimento de avaliar se eu vou ser mais ameno ou não no que eu vou falar.
  • Acho patético achar que algum presente vai me comprar ou comprar a minha opinião.
  • Eu costumo ser educado com quem é educado comigo, se eu não gostei de algo vou falar isso da maneira mais gentil possível e se precisar devolver o presente eu devolvo.
  • Eu raramente peço e quando eu faço tem um propósito por trás, com um projeto e objetivos, mas principalmente com contrapartidas para as marcas.
  • Eu não tenho 13º salário, férias, CLT ou PLR. Também não tenho viatura da empresa ou voucher do táxi. Na maioria das vezes eu falo de graça para as marcas e ajudo no funil de vendas dela. Não acho que eu seja um desses criadores que geram a venda final no last clique mas acho que ajudo a informar a pessoa que pretende comprar. Tenho meus custos, então as vezes acho simpático que a marca reconheça isso de alguma forma, pode ser um brinde mesmo ou até um adesivo ou uma cartinha escrita a mão. Não é  valor percebe? Mas o reconhecimento e o relacionamento.
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Se a gente começar a ter mais empatia e menos julgamento tá tudo certo e mais uma vez quero ser repetitivo: o julgamento cabe à vossa majestade o leitor. Credibilidade é algo que demora anos para construir e minutos para perder.
Ah Armindo eu não concordo com tudo isso que você disse e acho que tá tudo errado. Tá tudo bem pode discordar. E tá vendo? Dá pra gente viver numa boa pensando diferente sem ter preconceito com o pensamento alheio.

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