O que aconteceu com a Samsung? Empresa faz lançamento nada empolgante no #GalaxyUnpacked 2020
Hoje de manhã a Samsung realizou seu primeiro evento virtual, o Galaxy Unpacked, transmitido ao vivo da Coreia do Sul, para apresentar um conjunto de cinco aparelhos: Galaxy Note20 e Galaxy Note20 Ultra; Galaxy Tab S7 e S7+; Galaxy Watch3, um smartwatch premium, juntamente com recursos avançados de saúde; Galaxy Buds Live o Galaxy Z Fold2, o smartphone dobrável da empresa.
Aqui no Brasil foram convidados influenciadores digitais para fazerem um esquenta e comentar os lançamentos enquanto a live começava.
A live começou celebrando altos números: “Vou aqui chamar fulanos que tem 10 milhões de inscritos.”
Eles tem 10 milhões de inscritos
Enquanto isso a live exibia modestas 13 mil visualizações.

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Menos de 5% da live oficial global. Desculpe a pegação no pé, mas é que a empresa mesmo fez questão de ressaltar as pessoas pelos seus números, daí números acabam sendo importantes.

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Muitos apenas esperando a apresentação do grupo BTS (e que na prática foi uma presença de poucos minutos e sem música o que frustrou muita gente). No chat só se falava em uma coisa e não era dos aparelhos:

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O Twitter como sempre não perdoou:
BTS lendas que promovem a Samsung, nem parece que postam foto/vídeo com iPhone e depois apagam kkkkkkkkkkkkkk pic.twitter.com/oxioyrwRk6
— gih⁷ 08/21 ⟭⟬🐝 (@kookflowers) August 5, 2020
E se de acordo com o usuário do Twitter eles usam iPhone, o mesmo grupo assinou há pouco tempo atrás um lançamento de celulares da cada vez mais inexpressiva no cenário de celulares LG. Pelo visto quem paga mais, leva mais. Errado o BTS não está, já as marcas…
Apresentadores e jornalistas deslumbrados.
Minha vó já dizia quando você precisa falar muito de você mesmo, “olhe meus números”, “olhe que coisa incrível”, “olhe como isso é sensacional” é porque você não é bom o suficiente e chega a ser um pouco estranho ver pessoas contratadas expressando generosas interjeições de espantos para aparelhos que inegavelmente bons, mas que também são mais do mesmo, com uma atualização de uma coisa ou outra. Sabe aquela versão nova do carro que tem um friso novo? Pois é, é mais ou menos isso.
Seria normal e até compreensivo isso acontecer com uma marca menor, mas quando você é líder de mercado normalmente você deixa que o mercado fale por você. Mas isso acontece justamente num momento em que a empresa acabou de perder a liderança global em vendas para sua competidora chinesa Huawei. É briga de gigantes como diria Galvão Bueno, mas como eu sempre digo nesse blog é na lupa que se enxerga as atitudes corporativas das marcas. E nesse quesito, um só deslize ou um só erro estratégico pode colocar você numa distância maior. O peso do líder é sempre manter a liderança, custe o custar, seja o cenário que for.
“Eu não quero, eu preciso dos novos aparelhos” – fala de um dos jornalistas/apresentadores.
Falando da Samsung com propriedade.
Eu me sinto muito a vontade para falar da Samsung. Na explosão dos Galaxy Note 7 eu pude entrevistar na época a Gerente Sênior de Relações Publicas Carol Silvestre e nesse papo eu ressaltei com ela como a empresa foi corajosa ao assumir publicamente seu grave problema e mostrar as iniciativas que estava fazendo para resolver a crise. O que de fato aconteceu e a entrevista com a Carol é uma aula de como relações públicas e de como empresas devem atuar nesses momentos de crise: como uma protagonista.
Protagonismo que a empresa seguiu nos anos seguintes a essa entrevista puxando importantes discussões na sociedade brasileira, como por exemplo, o papel das mulheres no mercado de trabalho e até no cenário gamer. A empresa também implantou soluções para que deficientes auditivos pudessem assistir peças de teatros e outra dezena de ações corporativas que faziam com que a Samsung não só fosse uma líder de mercado, mas uma marca admirada. Foi nessa época que eu entrevistei a então Diretora de Marketing Corporativo e Consumer Electronics da Samsung Brasil Andréa Mello.
Tanto a Carol quando a Andréa hoje não estão mais trabalhando na empresa.
Foi então no começo do ano que eu já senti algo diferente na marca. Um dos últimos eventos presenciais que eu estive presente no pré-Covid foi o lançamento do S20 e na época eu comentei como o evento foi decepcionante. No texto eu traço um interessante raio-x da empresa e o contexto que ela estava.
E acredite essa não foi só a minha opinião. Um importante executivo querido da empresa me chamou num canto do café para dizer exatamente isso: como ele estava decepcionado com o lançamento. Outros três colegas da área falaram o mesmo em off. Em on há o medo concreto de deixar de ter os benefícios de ter um “bom relacionamento com a marca”.
E então veio a pandemia e a marca que normalmente seria pioneira e protagonista em trazer soluções para a sociedade praticamente não apareceu na discussão. No lançamento de hoje foi falado que alguns dos lançamentos foram pensados para o “novo normal”, mas pode-se ver muito mais um surf no hype, do que propriamente um equipamento que viesse a mudar a experiência na vida das pessoas no novo normal.
No começo do ano na CES em Las Vegas (um dos principais eventos do setor de eletrônicos) o então CEO Global da marca fez uma importante declaração:
“Portanto, para garantir nossa sobrevivência na nova era, devemos buscar a nossa própria inovação, incansavelmente. Nunca devemos deixar de aprender, de sermos ousados e destemidos em nossas atividades e de darmos o nosso melhor, em todas as nossas tarefas.”
Kinam Kim, vice-presidente e CEO da Divisão de DS em sua fala na comemoração dos 50 anos da empresa.
Ele ainda não sabia que a pandemia chegaria em breve e com ela uma série de impactos profundos em toda sociedade e que pegou de surpresa o mundo corporativo todo.
Um dos reflexos aqui no Brasil foi o aumento expressivo de preços da Samsung levando a marca a liderar o ranking de incremento nos valores chegando a impressionante variação de 42% no A30s.
Dificuldade em cobrir a marca.
Quem trabalha com tecnologia como eu depende de duas coisas: acesso a novidades e aos equipamentos para falar com propriedade sobre eles com você que me lê. Todos os dias muita gente leva minha opinião em conta para comprar produtos eletrônicos e eu tomo muito cuidado com isso. Foi então que a marca lançou no Brasil a primeira versão do Galaxy Fold e me mandou material de divulgação, porém só alguns veículos tiveram acesso ao teste do produto e foi só eu questionar essa atitude da empresa para desandar de vez a relação que eu tinha com a marca. Vem daí o fato que há meses você não lê nada sobre eles nem por aqui nem nas minhas redes sociais.
Nas palavras da Samsung é assim mesmo: e eu tenho que entender que a empresa tem as estratégias dela. No que eu concordo em gênero. número e grau. Porém gostaria de ver coerência da marca, uma vez, mesmo para eles sendo este blog “pequeno e inexpressivo” até poucos dias atrás havia assessores de imprensa da marca entrando em contato comigo para pedir notas no blog. Relacionamentos tóxicos não existem só entre pessoas e aí cabe a cada um julgar o que lhe interessa.
Armindo você tem que entender que a empresa tem a estratégia dela.
Com quase 20 anos de jornalismo, finalista de um prêmio Esso e há mais de seis anos cobrindo esse setor, eu acho que eu entendo bem o que essa frase quer dizer, mas eu prefiro sair da golden list de uma marca a oferecer migalhas aos meus leitores. Pago alguns preços claro, mas durmo com a cabeça tranquila toda noite.
Agora acredite o leitor: a Samsung é uma boa marca e faz bons aparelhos. Eu por muito tempo fui dono de um aparelho deles (comprado com os meus recursos pessoais. é bom que se diga) e em alguns casos até recomendo a marca.
E justamente por isso que me sinto no direito de escrever o que eu sinto sobre ela. Cobrar novas atitudes e uma postura mais aberta deveria ser um ato saudável num ambiente de comunicação corporativa, além de diálogos maduros e ponderados ao invés de se valorizar tão somente a batida de palmas e o “você tem que entender”.
Mas falando do lançamento de hoje, um usuário do twitter definiu a minha sensação melhor do que eu.
Numa live tradução minha:
O evento da Samsung foi chato, robótico e não fez justiça aos produtos lançados. Esses produtos com certeza mereciam um lançamento melhor.
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