
VidCon São Paulo impressiona pela estrutura e casting, mas mercado parece não ter “abraçado” o evento.
É bom que se diga a Paramount e a Dream Factory (organizadoras da Vidcon SP) fizeram aparentemente tudo que deveriam. A estrutura montada foi impressionante: uma bela área de espaços instagramáveis, espaço de descanso, paineis com workshops e um palco com estrelas do primeiro escalão da internet, nomes tais como Juliete e Bianca Boca Rosa.
A VidCon é onde os principais criadores digitais, inovadores de plataforma e seus fãs do mundo convergem em um só lugar. A VidCon destaca a cultura digital em todo o mundo com eventos em todo o mundo, incluindo seu principal evento VidCon em Anaheim, na Califórnia. Sua presença global continua a se expandir com eventos planejados para 2023 em Baltimore, Cidade do México e São Paulo. A VidCon foi fundada pelos criadores veteranos do YouTube John e Hank Green (Vlogbrothers) e foi adquirida pela Paramount em 2018.
Nos Estados Unidos é o ponto de encontro dos criadores de conteúdo para internet. E até recentemente (tirando-se o período de pandemia, claro) era um destino badalado por publicitários e grandes influenciadores brasileiros. A última Vidcon nos EUA foi assim:
E a do Brasil? Assim:

De acordo com a organização do evento foram 9 mil participantes nos 3 dias, sendo que o primeiro foi voltado para o mercado de criadores e os outros dois para a comunidade.
Mas porque um evento desse porte e com esse casting não bombou?
O Brasil é um país que tem muitos influenciadores digitais (é bom que se diga que creators e influenciadores não são a mesma coisa, mas um pode levar ao outro). Uma matéria publicada pelo jornal Extra indicou que já temos mais influenciadores digitais do que advogados e médicos no país. Ainda de acordo com a reportagem, O Brasil é o segundo país com mais pessoas apostando na carreira, perdendo apenas para os Estados Unidos, onde 13,5 milhões trabalham como influenciadores, segundo pesquisa da consultoria Nielsen de 2022.
Então vejamos: temos um mercado de criadores enorme, tivemos um evento enorme e muito bem estruturado num dos melhores locais de evento em São Paulo, com um grande casting feito dos maiores nomes da internet não estava tão cheio com outras edições da Vidcon?
Em um primeiro momento poderia se tratar apenas de uma percepção minha ou do dia que eu fui (domingo), mas pesquisando um pouco na internet dá pra ver que a expectativa era de pelo menos 15 mil pessoas, de acordo com matéria publicada pelo PropMark.

Eu também fui fazer meu trabalho de jornalista e fui conversa em off com alguns dirigentes que são grandes players desse universo. Um deles foi lacônico e disse que achou o evento “comercial demais”, já o Youpix – um dos maiores players da Creators Economy – em uma newsletter especial sobre o evento afirmou que “faltaram cases, dados, métricas, pesquisas”, e também falaram que as discussões, na opinião deles, foram rasas. Abro aspas:
“Sobre o conteúdo discutido, achamos bem raso, sem grandes novidades, apenas conversas sobre os temas que já conhecemos. Isso só comprova o que a gente já sabe: precisamos aumentar urgentemente a régua das discussões, ou vamos continuar a espalhar mitos e inverdades sobre o mercado.”
Youpix
A íntegra dessa newsletter, pode ser lida aqui nesse link.
E nesse aspecto, na minha opinião pessoal, eu concordo com o Youpix. Os 3 painéis que eu assisti não adicionaram em nada aos temas, ficando sempre no mais do mesmo que eu já cansei de ouvir em diversos eventos que já participei do setor. Concordo que precisamos dar um passo na frente.
Mas também senti falta de expositores com soluções para creators. Onde estão as marcas de equipamentos para podcasts? E as de câmeras fotográficas? Eletrônicos? Cenários? Quantas empresas não deveriam mostrar suas soluções para criadores de conteúdo e que não estavam lá?

E por fim conversando com algumas pessoas foi levantado o fato do valor do ingresso e que as pessoas estão sem dinheiro. De fato a economia do país não ajuda e acredito que seja sim um ponto a ser observado. Porém estamos falando de um evento de fãs com mega celebridades. E fãs parcelam, fazem vaquinha, se programa por meses. Veja o caso da CCXP ou dos grandes shows musicais aqui no Brasil. Mesmo sem dinheiro elas vão.
Mas então o que pode ter acontecido?
Para mim o mercado brasileiro “não comprou o evento” e se tem aquela sensação de que já sabemos tudo. Mas basta ver esse vídeo aqui do Felca, para ver que ainda temos muito que evoluir no mercado de influenciadores. Toda vez que eu vejo, aliás, eu sinto uma vergonha alheia absurda das marcas citadas.
Não é sobre o evento é sobre nosso mercado de creators.
O evento estava impecável, ponto. Eu fui como credenciado de imprensa e pude trabalhar como queria: tive acesso a tudo, em locais privilegiados, tinha uma sala de imprensa bem montada e com acesso aos talents muito simplicado.
O sistema de som e vídeo impecável, um lineup de grandes, ativações da Paramount+ divertidas. A festa estava linda, mas os convidados (mercado e comunidade) precisam agora abraçar a Vidcon Brasil.
