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A atriz multipremiada Imara Reis está em São José dos Campos e tomou um [Café Comigo]

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Vencedora de três kikitos e um dos importantes nomes da história do teatro e cinema nacional, a atriz Imara Reis está, desde junho, morando em São José dos Campos.

Na cidade, Imara foi contratada pela trupe Teatro do Rinoceronte como consultora da nova peça do grupo, ‘Mais que Pena!’, que aborda um pouco do teatro de Martins Pena, um dos primeiros autores a dar voz aos dialetos brasileiros nos palcos.

Desde o início de sua carreira, a atriz nascida no Rio de Janeiro, participou da maioria dos grandes momentos do teatro nacional.
Imara esteve em montagens como a emblemática Calabar, que contou com texto de Chico Buarque. A peça – a mais cara do país à época – foi censurada durante seis anos pelo regime militar. Além desta, a atriz também esteve em ‘Lampião no Inferno’, ‘A Resistência’, entre mais de 30 outras

Nos cinemas, Imara foi condecorada com o Kikito pela participação nos filmes ‘Filme Demência’, ‘Sonhos sem Fim’ e ‘Jardim de Alah’. Atualmente, ela atuou no premiado ‘Fica Mais Escuro Antes do Dia Amanhecer’ e ‘Amanhã Nunca Mais’. Ao todo, a carreira conta com pouco mais de 40 filmes entre longas e curta-metragem.

“Vim para São José pois achei mais fácil trabalhar com o grupo sem precisar ficar indo e vindo de São Paulo, onde moro atualmente. Aqui consigo me adequar aos horários do grupo e imergir da forma que eu acho necessária no espetáculo, suas nuances e, principalmente, sua pulsão cômica”, explica a atriz.

Imersão
Imara trocou o apartamento na Avenida Paulista por um pouco mais modesto, na Avenida Cidade Jardim, no Jardim Satélite. Há quase dois meses na cidade, a carioca afirma que está fazendo um detox da vida paulistana.

“A cidade tem uma leveza, comparada com São Paulo. O custo existencial da capital sempre me incomodou muito. E tem mais: é uma cidade cosmopolita. Você encontra gente de todo lugar aqui. E o bolinho caipira é ótimo”, conta.

Mas, acostumada à intensa atividade cultural das capitais onde morou, Imara ainda procura pela ‘Baixa São José’.

“Estou procurando aquele restaurante que seja frequentado pelos artistas, aquele bar que vá até altas horas da madrugada, onde esses grupos se encontram, comemoram, trocam experiência. É difícil encontrar a Baixa São José. Mas espero que isso aconteça antes de eu ir embora”, conta.

Musa literária
A vida dentro dos círculos criativos e festeiros dos artistas rende, além dos encontros profissionais, histórias saborosas com personagens de grande quilate da nossa cultura. Desde o amigo de longa data Tonico Pereira, que a levou para o teatro, a escritores como Ignácio Loyola Brandão, Cristóvão Tezza e Reinaldo Moraes.
“Já fui personagem do Ignacio Loyola Brandão e do Cristóvão Tezza. Este último publicou uma longa conversa que tivemos quando eu fui o visitar em Curitiba. Quando vi publicada já tinha certeza que se tratava do nosso papo. Já o Reinaldo Moraes me paquerou descaradamente uma noite. Eu ainda não o conhecia, ele tinha acabado de lançar ‘Tanto Faz’. O mais engraçado é que ele foi à casa do meu marido à época e ficou super constrangido quando soube que paquerou a mulher de seu amigo”, lembra.
Já dos companheiros de teatro, a atriz lembra de grandes momentos de criatividade e aprendizado.
“Eu me formei em letras pela Federal Fluminense. Estava em uma época de estudar literatura francesa. Aquela coisa de menininha criada na zona sul. Quando comecei no teatro foi quando conheci as capilaridades do Brasil. Os textos, as pessoas, os lugares, foi tudo um conhecimento fantástico para mim. Brinco que eu fui de Shakespeare à Maria Alcinda nesta época”.

Sobre o Espetáculo
O espetáculo Mais Que Pena tem estreia marcada para o dia 31 de agosto, durante o Festivale 2019. Apesar de baseado na vida e obra de Martins Pena, não é exatamente uma peça biográfica, muito menos uma montagem de um de seus textos. A Cia. Teatro do Rinoceronte optou por uma narrativa cômica, a partir de colagens de situações e personagens de seus textos.
“São textos que trazem esta psiquê ilegalista do brasileiro, que já estava presente na época em que o Rio de Janeiro recebeu a família real portuguesa. Trata-se daquela questão de voltar ao início para entender a origem das nossas mazelas. O autor, para você ter uma ideia, já relatava o comportamento suspeito dos juízes. Quer algo mais atual do que isso?”.
O espetáculo foi concebido com recursos do Proac (Programa de Ação Cultural), traz músicas autorais da Cia. Teatro do Rinoceronte.

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