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Crônica dos 40 IV: Sendo empresário e tendo uma vida geek

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Sempre quando eu leio que você deveria largar tudo o que faz pra fazer o que você gosta e ir ser feliz, leio com cautela. E nem sempre é verdade quando alguém diz que foi bem sucedido e virou milionário fazendo só isso. Alguma coisinha em algum momento ele fez que o desagradasse. Ou mandou alguém embora a contragosto, ou pagou um imposto maior que queria, ou teve que ir atender um cliente mal educado. Mesmo quando você faz o que gosta vai ter coisas que não gosta pra fazer.

Então quando se fala em fazer tudo que se gosta entenda que isso normalmente é na maioria das vezes. Se eu fosse fazer só o que eu gosto todos os dias talvez não estivesse com a conta da internet paga para contar essa história para vocês. E para os meus leitores mais maduros isso pode parecer óbvio mas para os vários jovens que me acompanham preciso mesmo dizer não caia nessa, mas caia em partes.

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Eu podia ter optado pelo lado mais sério do mercado. Terno e gravata, reuniões com indicadores sobre markets shares e Profit and Loss e como não perderia minha cabeça nem meu bônus se conseguisse ser conservador o bastante para não mexer numa margem segura de dois pontos. Eventualmente ser chamado de senhor Armindo e enquanto todos fossem legais comigo pessoalmente nas rodinhas de corredor ia ser desenhado como o anticristo em forma de gente na Terra e como pessoas como eu mereceriam um cargo assim de diretor de marketing.

Também teria que barrar o talento da minha equipe com boas ideias afinal a pessoa podia brilhar mais que eu e colocar meu cargo em risco e ainda comprar boas brigas com a gerencia de produtos para não vir me ensinar sobre markerting ou ainda passar horas no financeiro criando um indicador imaginário para justificar a participação da empresa numa feira de negócios e ainda sim sair de lá com uma verba tão irrisória que teria que decorar o stand da empresa com papel crepon e obrigar minha equipe a virar a madrugada para fazer o negócio acontecer.

Se tivesse ainda trabalhando em grandes redações de TV ia ter que lidar com o ego ou do editor-chefe ou gerente de jornalismo que ia me obrigar a escrever num formato tão padronizado e tão espartano que todas as frases seriam reduzidas a uma coleção de sujeito+verbo+predicado numa fórmula de off+sonora+passagem+off+sonora repetida ad nauseum além de ter que procurar sinônimos esdrúxulos para não repetir palavras ou ainda me matar num malabarismo ortográfico para tirar um gerúndio de uma frase, porque gerúndio não pode: mesmo que você esteja fazendo algo em movimento contínuo.

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E foi assim que optei por ter uma vida mais geek e assumindo mais ideias por mais absurdas que pudessem parecer. Tenho uma formação sólida, uma carreira consolidada, livros publicados e experiência suficiente para pelo menos comprar brigas com alguns padrões da sociedade.

Claro que estou num momento da sociedade muito propício para isso em que as estruturas hierárquicas e os dress codes tem mudado inclusive nas grandes corporações. Dias desses vi a história de um moço que foi trabalhar de saia porque estava com calor, na sala não tinha ar-condicionado e bermudas eram proibidas, mas saias não… Logo ir trabalhar de saia fez o total sentido.

Não é sempre claro que posso andar mais geek, as vezes tenho que assumir o lado mais social e encarar um terno e gravata e tenho também que encarar corporações mais clássicas. Em Roma você deve agir como os Romanos já dizia o velho ditado.

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Mas se você olhar um pouco do que fiz o ano passado verá que a minha expressão de felicidade fica um pouco maior quando vou pro mundo onde me sinto mais em casa.

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Mas e isso combina com o mundo dos negócios Armindo?

Eu já me fiz essa pergunta várias vezes e amigos já me fizeram essa pergunta várias vezes e não sei se funciona para todo mundo, mas para mim funciona. Um cliente que for me contratar já deve pressupor meu espírito informal ou nerd ou geek como queira falar e eu devo dar uma coisa para ele: resultado. A maioria dos meus clientes hoje sabe disso eu entrego resultado e isso é o que vai fazer a diferença nessas relações.

Há claro aqueles que vão achar estranho ou não vão confiar muito de cara e há aqueles que vão preferir alguém mais engravatado, mas vem aí algo que os quarenta anos podem te dar: você precisa se bancar. E é claro que isso muitas vezes implica em risadinhas, em carinhas de descrédito ou em simplesmente não botar fé.

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Mas hoje há espaço para todas as tribos e engravatados e nerds podem sentar lado-a-lado para pensar em projetos com resultado financeiro real. Sim tem show me the money nessas relações!

E sempre que tenho que resolver um problema mais sério paro tudo que estou fazendo e vou jogar um game de PC, na verdade jogo vários ao mesmo tempo e escolho cada um de acordo com o clima do momento. Enquanto estou distraído nos games minha cabeça fica tranquila para processar todas as informações e dados coletados e me devolver uma solução criativa e funcional.

Por outro lado meus clientes me procuram justamente porque não querem algo mais tão assim padronizado uma vez que o mercado tradicional não dá mais resultado.

Os fora do eixo ainda vão salvar muitas empresas de fecharem as portas

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Felicidade plena e absoluta e fazer tudo que se gosta 24 horas por dia não existe, mas tentar fazer o maior número de atividades possível para isso é algo que você deva perseguir. Há muita gente aí na internet ganhando dinheiro de bermuda e boné e ao invés de procurar um executivo guru olhar para esses novos exemplos pode te dar um novo jeito de encarar o mundo. Sei que seus pais disseram um monte de coisa, você cresceu vendo outras, mas nada do que vemos hoje acontecendo com as relações comerciais estava escrito. Ninguém ia prever tudo o que aconteceu e nem família nem escolas dão conta hoje de formar para os novos desafios.

Nós estamos usando ferramentas ultrapassadas para novos problemas.

Depois desse post vou jogar videogame, assistir o Netflix e fechar uns dados numa planilha e tudo isso com uma camiseta do Homem de Ferro. Don´t Panic!

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