Formador de opinião? Eu?
Faz um tempo já eu lembro que ia numa balada muito bacana, dessas que quando a gente é jovem bate o ponto todo final de semana sabe?
E uma das cenas que sempre me marcava era ver o dono do lugar curtindo a balada com a galera. Ele podia estar no caixa, podia estar na gerência da casa, ou numa salinha do escritório contabilizando as notinhas que chegavam e penso até que em algum momento ele realmente fazia uma ou mais dessas atividades. Mas era possível encontrar com ele várias vezes na pista de dança simplesmente curtindo o som do DJ.
Eu achava aquilo o máximo e pensava em como seria bom poder aproveitar algo que você construiu. Será que um dono (ou os acionistas) de um Parque de Diversão, depois que o expediente acaba vão lá aproveitar o parque todo, ou mesmo com a galera curtir uma montanha-russa?
Anos depois eu não virei nem dono de balada – nem de um parque – mas criei algumas coisas legais, como o Social Media Vale do Paraíba, o Comunicavale, o Social Media São Paulo, o #radarvale, o Vale Fashion Blogs e até organizei o TEDxSaoJoseDosCampos.
Não toca música nesses eventos, nem tem teleféricos, mas tem gente legal falando sobre conteúdo legal. E sempre que posso tento curtir esses conteúdos. Eu já reuni tanta gente legal nesses eventos que eu não poderia arriscar um nome. Alguns dos palestrantes viraram amigos, outros amigos e mentores, outros eram amigos e viraram palestrantes. Eu também tenho histórias de namoros, casamentos e até empresas que surgiram nestes encontros mas conto isso outro dia em outro post.
Então se você for em algum evento que organizo, além de apagar alguns incêndios que rolam, você provavelmente vai me ver na fila recebendo você ou na primeira cadeira vendo o conteúdo e curtindo como se estivesse na pista de dança.
Vem daí que no último CenterVale Fashion Blogs, eu fiquei no palco, curtindo a palestra da Sam Shiraishi. Eu já falei da Sam algumas vezes aqui no blog. Não é para menos, ela, Mário Soma, Marcelo Pimenta, Tiago Baeta, Flávio Horta e alguns outros que encontrei nesses caminhos são exemplos inspiradores, mentores e pessoas que agradeço a possibilidade de convívio diário. São como faróis que a gente usa pra ter uma ideia de onde o barquinho deve ir.
E lá estou então na primeira fila vendo a Sam falar sobre Autenticidade e Representatividade como ferramentas de crescimento para blogs.
Olha eu ali vendo a Sam falarA Sam falou para os blogueiros, principalmente para os novatos, e aquilo caros leitores caiu sobre uma bomba sobre mim. Já faz mais de 15 dias que tudo aquilo que a Sam falou em algum momento me chacoalhou, tirou da cadeira, e me fez pensar.
Você está fazendo isso do jeito errado Armindo
Eu tenho blogs faz tempo e depois da faculdade de jornalismo sempre adotei uma linguagem mais oral (trabalhei muito tempo em TV), mais descolada sim, mas ainda com um descolamento da primeira pessoa. Aqui no blog tem vários textões que estão fazendo muito sucesso, por exemplo, o sobre a profissão de Social Media e você verá lá as entrevistas, as aspas, as vezes uma sacadinha de humor que talvez você encontrasse num texto da VIP. Mas nada muito opinativo. Enfim, se você gostou desse tipo de conteúdo não se preocupe vamos continuar com ele. Em média os meus leitores ficam por aqui 30 minutos!!!! O que me deixa radiante. Há espaço para conteúdos enormes na internet e os meus leitores estão procurando este conteúdo.
E aí acho que faço um papel bacana que é o de curador de conteúdo no blog. Olha você quer saber sobre isso? Peguei as informações na fonte x, y e z e juntei para você aqui. Sabe os milhões de vídeos no youtube se você gosta do tema x devia considerar ver o vídeo y.
Mas aí você verá que tem muito pouco de mim. Eu raras vezes falo de política, religião e futebol (este último vou continuar não falando porque não manjo nada sobre isso) e raras vezes tenho alguma posição mais afirmativa. Talvez tenha me exposto mais no post o Tear de Penélope, que escrevi para o recém zerado Comunicavale, e importado para cá. Fiz críticas duras ao mercado regional de comunicação e escrevi tudo que tinha vontade de falar, com um pouco de conteúdo de almanaque, um pouco das minhas ideias e algumas sugestões de melhorias. Mas se pesquisar nos arquivos de tudo que escrevo achará muito pouco destes momentos. A terceira voz sempre prevaleceu em relação a primeira. Eu pouco aparece.
Eu sempre achei que ficar um pouco neutro, distante a alguns metros de certos temas ou opiniões me garantiria uma imagem ok e saudável para clientes, anunciantes e apoiadores de diversas iniciativas que eu faço. E aí vem o momento de epifania com a Sam.
Epifania é uma súbita sensação de entendimento ou compreensão da essência de algo. (…) O termo é usado nos sentidos filosófico e literal para indicar que alguém “encontrou finalmente a última peça do quebra-cabeças e agora consegue ver a imagem completa”. O termo é aplicado quando um pensamento inspirado e iluminante acontece, que parece ser divino em natureza (este é o uso em língua inglesa, principalmente, como na expressão “I just had an epiphany”, o que indica que ocorreu um pensamento, naquele instante, que foi considerado único e inspirador, de uma natureza quase sobrenatural). (Wikipedia)
Foi então que um raio atingia a minha cabeça: o mundo de hoje não aceita mais quem é morno, sem opinião, meio ali meio aqui. Os leitores querem saber o que pensamos, e aí vem a frase da Sam citada no post acima:
E quando viramos blogueiros, não importa se temos 100 visitantes por dia ou um milhão de views, cem mil assinantes no youtube ou apenas 10, estamos nos colocando como figuras públicas. E, acima disso, figuras públicas que dão a cara a tapa quando opinam sobre crises políticas, novidades da moda, a cor do esmalte da atriz da novela, a famosa no tapete vermelho que “está plus size”. (Sam no A Vida como a Vida quer)